Um novo conceito filosófico: erro de percepção mútuo

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Grande desafio foi colocado ao pensamento filosófico pelo ministro das finanças de Portugal: o desafio de partir de um novo conceito filosófico - "erro de percepção mútuo" - para olhar a face de uma determinada realidade política. Com calma, serenamente e a ponderar no seu potencial heurístico e na sua desejável fecundidade explicativa, fui reler a “Fenomenologia da Percepção” de M. Ponty. E, às tantas, na página 69, pode ler-se: “a percepção é, portanto, o pensamento de perceber”. Fez-se luz na minha mente, erro de percepção é (nem mais e nem menos) um erro no pensamento de perceber. Assim sendo, o busílis no conceito “erro de percepção mútuo” mora no adjectivo mútuo: dizendo mútuo, estamos a referir-nos ao erro e não à percepção. Pergunta: como é pode acontecer um erro de percepção (mútuo), seja, um erro mútuo no pensamento de perceber? Em sentido restrito, parece, pode acontecer em situações de diálogo, desde que os dois dialogantes se encontrem numa perfeita simetria, desde que cada um pretenda enganar o outro. Terá sido o que aconteceu? Na dúvida, recorro ao sensível poeta Mário Quintana quando disse: "a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer". 

Adenda (mensagem recebida)
Meu caro, meu caro, o seu dia deve ter sido bom, porque está inspirado. O pobre do ministro já deve ter encaixado umas belas orelhas de burro. Este seu texto é excelente e pertinente (ups, rimou). Raios e coriscos, um governante engana a lei, depois faz lei à medida; e, depois, pimba, mente. Uma beleza. E não são tiradas consequências de espécie nenhuma. Mas, meu admirador preferido, tem de admitir que não há novidade na situação. É só mais um episódio do poder e do jogo de interesses para o manter. Não se apoquente. Olhe, gostei da imagem, é divertida. A legenda podia ser: nem tudo o que parece é. E na política quer me parecer que tem êxito quem parece que é, mesmo que não preste para nada, vida. Adiante. Quem é aquele poeta, o Quintana? Quintana, uhm, dois, adiante, vou tentar descobrir. Hoje à hora de almoço, fui dar uma volta e pelo caminho tive de parar num semáforo. Como ando sempre a trautear o il bianco e dolce”, o semáforo passou a verde e eu esqueci-me de acelerar, continuei a cantoria. Escusado é dizer que de imediato, atrás de mim, começaram todos a buzinar. Brrr! Que gente tão feia e impaciente, já ninguém aprecia o belo canto e a boa música. Antipáticos e sem interesse. E esta foi a pequena estória do dia… Aqui vai um sorriso para si, não me apetece um emoji. Bom, adiante, esqueça lá o politico sem habilidade política e o gestor que não sabe gerir, se calhar enganaram-se (de fato e de facto) um ao outro. Que se entendam. O cidadão comum nem quer saber do assunto; e, se questionado, dirá: são todos iguais. Vou ver mais um episódio dos meus amigos nerds, pelo menos são risíveis por terem mesmo graça (o ministro e os outros são risíveis por já não terem graça nenhuma!)NãoDisse.

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