Aquilo que somos depende da nossa neurobiologia

Morris Louis
(Mensagem recebida)
Que posso eu ainda dizer-lhe, meu caro admirador em todos os dias e até mesmo nos dias de chuva, que posso eu dizer-lhe ainda mais da minha inata apetência para rabiscar pensamentos no meu caderninho argolado? Posso, claro que posso. Assim, vamos lá. Demore-se na imagem que lhe envio. Podia ser um desenho meu, mas não é, encontrei-o aqui; e, logo, záscatrapaz, os meus (únicos) olhos grandes não largaram a identidade da legenda-título, sim, o desenho e a legenda-título são muito eu. Adiante. Depois é que foram elas, fui (intrigada) espiolhar mais desenhos e mais pinturas, e tudo e mais tudo, e cores cintilantes e linhas e traços e espaços, tudo tem a ver comigo, vida, que explicação encontra, que me diz? Pensa (quanto eu gosto de si), pensa que os meus desenhos rabiscados são nem mais nem menos que a forma (forma ou fórmula?) que descobri para me expressar acerca da complexa, fugidia e inconstante matéria que eu sou? Pensa que os meus desenhos são ecos de mim e traços do meu carácter, da minha beleza, bondade e ternura? Gosto do seu pensar. Pergunto-lhe: já, meu preferido admirador, já ouviu falar na "ἡ Σοῦδα" (Suda)? Não, percebi, não ouviu falar. E ouviu falar no "γνωθι σεαυτόν" (Conhece-te a ti mesmo) inscrito no átrio de entrada do templo de Apolo em Delfos? Também não ouviu falar! Pois fique sabendo que na "Suda"se diz que o provérbio "Conhece-te a ti mesmo" se aplica todos aqueles que tentam ultrapassar aquilo que são. Aplica-se a mim que nem luva de pelica, sou assim, que se há-de fazer; assim, pego numa ponta da extremidade da experiência, e aí vou eu (linda) de criatividade a tiracolo, seja: desembrulho o saber sem erros de gramática e com astúcia e graça (temperadas com um sorriso matreiro de hã hã hã). Boníssimo coração o meu, verdade?

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