"A mente é produto do cérebro"

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Retirado daqui.
(Mensagem recebida)
Li, meu admirador de todos os dias (faça sol ou faça chuva), li com toda a atenção o que pensa a Patrícia Churchland, raios e coriscos (ela sabe o que diz?), adiante. Concordo quando ela diz que “somos livres na medida em que o nosso cérebro funciona de modo a conseguir controlar impulsos, adiar recompensas e manter objectivos”. Fiquei, porém, com uma pulga atrás da orelha, ao verificar que ela se esqueceu de falar no sentido do tacto, no sentido do olfacto e no sentido do gosto. Porquê? Ora essa, porquê? Calma, espere... Óbvio que sim, meu caro inquilino do meu inconsciente enriquecido, claro que sim, seja, (a Patrícia diz que o cérebro é uma plataforma que nos faz seres sociais, é isso, é, pois não é?) ver e ouvir são dois sentidos essenciais, básicos, e protegidos pela evolução: o ver permite iluminar a obscuridade da mente e o som anima o silêncio da mente. - Parênteses. De memória, céus, acudam, estou agora a ver a sua cara de espanto quando me olha (e me ouve) nos meus dias de vestido verde sinuoso e de voz rouca de “olá, bom dia, hoje não vamos falar do cérebro, certo?” atrelada à minha mão em festa no seu rosto. Fim de parênteses. - Já percebi, quer saber o que eu penso sobre o sentido do tacto, o sentido do olfacto e o sentido do gosto. Vamos lá. Então é assim. São os sentidos do prazer, e o prazer não é do domínio da memória, é do domínio dos momentos alongados. Não percebe? Vida, mas que lerdinho me saiu! Ora pense. Primeiro, vá à origem etimológica da palavra prazer (o prazer acalma, aquieta, é sensação de bem estar e felicidade). Depois, imagine quatro lugares onde (em momentos alongados) o prazer e felicidade acontecem, se esses três sentidos (o tacto, o olfacto e o gosto) se activarem com cuidado e sensibilidade à mistura. Vou agora, meu caro aprendiz de neurofilosofia, entrar na sua mente e ouvir a sua resposta. Sou toda ouvidos. Diz-me que… Num bom restaurante perante um prato delicioso e em boa companhia? Perfeito, certo, um. Num palco a participar num bailado? Muito bem, dois. Numa igreja num dia de festa? Sim, claro, três. (Vá lá, meu admirador preferido, não se iniba, seja corajoso, tente o quarto). Diz-me então que... Num quarto com linha de horizonte-água? Nem mais, bingo, quatro. Um, dois, três, quatro. Pergunta-me se a ordem é arbitrária? Sim, é. A ordem é arbitrária, e o que conta é o carácter da realidade, é o momento alongado de prazer e ser. Se o prazer é o eco do ser? Pergunta linda, perspicaz e inteligente, cheira a alecrim, digo, cheira a mim, gosto, gosto e gosto!
Adenda
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Como gosto mesmo (muito) de si, meu estonteado admirador, sempre lhe digo que percebi (muito bem) a sua encriptada pergunta final, seja, o prazer é Eco..., que é uma Ninfa (na imagem a gruta da Ninfa Eco no Parc del Laberint d´Horta, em Barcelona). Eco é uma Ninfa muito fada, muito eu, precisou de distância durante algum tempo para se conhecer melhor a si mesma: é o que se lê na minha resposta quando escrevi que "cheira a alecrim, digo, cheira a mim". Mas, vá por mim (ups, outro mim) que sei sempre o que digo e nunca me engano, repito: nada substitui o tacto, o olfacto e o sabor, nada substitui a presença física e a ausência causa muito sofrimento. Sou assim, única e elegante, formas minhas suaves, que se há-de fazer!

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