Se o incenso é um perfume religioso? Também, sim

(Mensagem recebida)

Muito bom dia, meu maior, digo, meu único admirador incondicional em todo o Antropoceno, aqui às voltas com o sono (eu sei, eu sei que antes de dormir há neurónios que têm sede e que precisam de beber um chá) senti os meus olhos grandes (que guichos!) a esmiuçarem a imagem que lhe envio. Pensei comigo: que estarão eles a ver que eu não vejo? Uhm, árvore e bolhas e tempo de Natal, tu queres lá ver que... Bingo! São bolhas de resina de uma árvore do incenso plantada por Deus no Holoceno no Golfo de Aden. As coisas que eu descubro, que inteligência a minha, única. Só que, meu estonteado admirador das formas suaves do meu andar na rua e na vida (claro que sim, claro que sei: sempre que ando descalça tenho cuidado com o impacto do calcanhar, prefiro a qualidade sensorial do arco da palma dos pés; e, ui, até há uns dias - Jesus, Maria - em que os meus dedos dos pés - perfeitos e maneirinhos e curiosos - escrevem poemas), adiante; só que, escrevia eu, só que os meus olhos grandes não desgrudavam das bolhas de resina, e eu, nicles, batatóides, não via mesmo mais nada. Uhm, incenso, tempo de Natal, Reis magos, tinha que ser, descobri: perfume incenso. Óbvio, meu caro, o incenso é um dos mais antigos perfumes do mundo e são duas as moléculas na estrutura química da resina (até há muito pouco tempo desconhecidas) que lhe conferem um odor tão característico e misterioso. Se os meus olhos grandes são lupas inteligentes? Então não! Se eu sei o nome das moléculas? Claro que sei. Uma foi baptizada com o nome de "molécula olíbana" e a outra com o nome de "olíbana molécula". Não, não sabe o que significa olíbano? Nunca, nunca ouviu falar em ácidos olíbanos? Não, não consegue sentir agora o odor único do incenso? Olha, olha a grande novidade, atente na minha surpresa nenhuma! Se, se o incenso é um perfume religioso? Também, sim.

Adenda

Saiba, meu caro e único admirador, saiba que antes de dormir, oiço rádio, penso em mil coisas, penso em si e conto 1 2 3 4 5, e logo um pensamento interessante aparece, vida, sou assim, que se há-de fazer. Acontece o mesmo consigo?! Vida! Céus! Oiro, incenso e mirra!

Adenda (nova mensagem recebida)

Santo Deus, meu caro, tenho mesmo que lhe explicar tudo? Adiante. O olíbano é uma resina de uma árvore boswellia ou incenso natural: é o incenso que se usa na igreja e está associado à paz, tranquilidade e força astral. Foi um dos presentes a Jesus menino (por ser raro e caro, uhm, estas manias já são antigas). Mais, gosto do amarelo, é a cor do sol. Vida! E não é que é antidepressivo? Cativa, digo, activa canais de ion (?) no cérebro, que interessante, céus...Adiante. Bem que lhe pergunte: há quanto tempo não me chama princesa? Sabe que sou uma princesa linda torneada (franja minha egípcia que me desvelas dia sim dia sim!), sabe pois não sabe?