Novo ano/Ano novo: poeminha da Terra que fala

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Termina hoje mais um ano, mais um ano complicado e difícil para a Humanidade: o progresso não é mais o que era, tendo presente, por exemplo, as guerras e as suas consequências, a actual crise financeira, o drama dos refugiados e o alto nível de desigualdade social (leia-se "O Capital no século XXI de Thomas Piketty"). Os políticos (parece) apenas sabem falar de economia, melhor dito, vivem da política do economismo, herdado ora do capitalismo ora do marxismo, e mais não fazem do que falar de crescimento e de progresso. A verdade, porém, é que se tivermos em conta o "estado do mundo" ((parece estar a repetir-se, mais uma outra vez, o grito (inútil) de Cassandra)), o crescimento zero está longe de ser um objectivo estúpido, adiante... Quem sabe, valha a pena deixar duas notas de alerta para questionar e gerir o próximo ano que aí está a chegar. A primeira nota, para referir a mensagem de Lévi-Strauss em resposta à pergunta "que tesouros podem legar as gerações actuais às gerações vindouras?". Respondeu ele: (...) melhor será deixar-lhes alguns testemunhos sobre tantas coisas que, por erros nossos, as gerações vindouras não mais terão o direito de conhecer: a pureza dos elementos, a diversidade dos seres, a graça da natureza, a decência dos seres humanos. A segunda nota, para abrir uma porta para a continuidade (por quantos anos ainda?) dos segredos que ainda se escondem nas linhas Nazca (esta coisa de escrever a vida e o futuro com linhas, curvas, ângulos e pontos, tem muito que se lhe diga!). Aproveito ainda este texto (de final de ano) para divulgar um poeminha que, agorinha mesmo, se assomou à janela no meu pensamento (sei eu bem porquê, óbvio):
Terra
fala e as suas palavras são
linhas verticais e curvas e ângulos e pontos
.../...
dizes bem são essas as palavras substanciais e também já eu senti
as palavras autênticas estão no solo e mar estão no ar estão em ti

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