A escolha entre o bem e mal: um novo paradoxo?

(Mensagem recebida)

Por vezes, ui tantas, tantas vezes, meu caro admirador de mim maravilhosa e curvilínea, tantas vezes me apetece brincar consigo, hoje é um desses dias, vamos lá então brincar com coisas sérias. Muito bem, já percebeu que lhe envio uma imagem de um quadro célebre ("Hercule entre le Vice et la Vertu" - do início do século XVIII - cujo autor é Gérard de Lairesse); e (imagino pelo seu ar espantado) ou muito me engano ou são favas contadas, seja: não só não consegue perceber a razão de ser do logótipo que também lhe envio quanto, pior ainda, não entende que diabo de relação existe entre a imagem do quadro e o logótipo. Não se amofine, brincadeiras  minhas de fim de dia são pózinhos de perlimpimpim. Vamos lá, esteja atento... Descubra primeiro o "C" branco no logótipo: significa "cruzamento". Se já o encontrou, descubra agora o significado das duas setas e do símbolo total. Adiante que tenho pressa. A cena (pintada) refere-se às hesitações do jovem deus Hércules (Heracles para os romanos) em escolher entre a virtude e o vício. Duas figuras femininas apresentam-se para o disputar: uma, de uma beleza simples e púdica, é a alegoria da Virtude, enquanto a outra, sofisticada e provocante, é a alegoria da Depravação. Cada uma delas pronuncia umas palavras, descrevendo o género de vida que propõem. Uma faz-lhe imaginar uma vida cheia de prazeres, enquanto a outra o convida a aprender, a uma boa conduta e ao esforço. Oh, oh, meu caro filósofo e poeta e meu admirador, então não se percebe bem quem é quem (rimou, ups)? E não se retira, de imediato, que (actualizada no ser e no tempo) sou eu que represento (na sua vida) a Virtude? Claro que se percebe, claro que se retira. Registe (para memória futura) o que escrevi no meu caderninho argolado: "se cada um de nós pode fazer o bem, é porque cada um de nós é capaz (por si mesmo) de escolher o mal, seja: a escolha entre o bem e o mal não é uma questão de transcendência mas uma questão de responsabilidade"... Não acredito, não pode ser, franja minha que te perdeste em divagações filosóficas de domingo, ainda não conseguiu ver o "C" branco no logótipo, céus do Olimpo, que lerdinho, Santo Deus, Jesus, Maria, Carrefour de vida inteligente a minha!