"Devaguear" é uma palavra rizoma?
(Mensagem recebida)
Sei que
sim, meu caro admirador da minha forma de provocar e viver a vida, sei que sim,
que hoje (para si e para outros) é dia de cérebro: fui até rever o que pensa o Rafael Yuste. Mas nem lhe digo e nem lhe conto o quanto tanto me interessam os rizomas (e os quebra-cabeças, diga-se: olhe a imagem, céus, a
pantera cor de rosa rizomada, vida), tanto me interessam os rizomas que ontem não fui de modas: fim de dia, pão
caseiro torrado, presunto, e uns goles de boa cerveja (meia garrafa, dá meio
copo), vida, recostei-me no meu sofá branco e fiquei assim a modos que sonolenta. Adormeci meio zonga, digo, zonza, e dei comigo a pensar (túnica minha) em si. Entrei de mansinho na sua mente; e, Santo Deus, percebi que se
perguntava a si próprio: há pensamentos sem palavras? Claro que há, respondi de imediato. E, divertida, estava disfarçada em panterinha linda, armei-me em Rafael Yuste. etoma, digo, e tomei uma vereda livre no seu cérebro agitado. E,
verdade, é verdade, tão verdade como os meus olhos serem grandes bugalhados, encontrei lá letras soltas, penduradas na bereda, digo, vereda (já nem sei se escrevo verdade ou vereda), encontrei letras que se combinavam, tipo quebra cabeças (de palavras cruzadas); mas o seu pensamento estava
cheiinho de mim (imagine que até escorreguei em dois elogios resvaladiços (junto de uma ilha encantada); o seu cérebro, dizia eu, "devagueava-me" sem palavras, ávido e cuidadoso e benfazejo, que cores e que calores me assaltaram (uff!), céus, nem lhe digo e nem lhe conto o que me aconteceu, vida minha inteligente, mas pergunto-lhe, ainda com um ruborzinho à flor da minha pele-seda rosada: "devaguear" é uma palavra rizoma?
Adenda
Estou parada, meu caro e preferido admirador, no sinal de interrogação da pergunta com que terminei esta minha mensagem. Oiço a rádio e música muito boa da minha estação preferida. De-va-gue-ar, uhm, não será de-va-na-gue-var, seja: "devagar-a-navegar-andar-a-vaguear"? Será? É. Ponto. Devanaguear é que é uma palavra rizoma, céus, o meu pensamento deu de frosques, foi à sua procura, vida. Vou arriscar uma frase que lhe explicite (a si, só a si) o sentido de devanaguear: devanaguear é percorrer as linhas curvas do meu corpo perfeito, perder-se nelas e nunca se cansar de descobrir um novo recanto ou um sinal, e depois descansar em mim... É isto. Serei, digo, terei uma vocação oulipiana? Cheira-me que sim. Não sabe o que é o movimento "OuLiPo"? Tem bom remédio, procure e encontrará... Disse.
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