Da síndrome de mim à aceitação de si
(Mensagem recebida)
Santo Deus, meu caro portador da síndrome de mim, então não é que nem eu ainda tinha despegado os meus olhos grandes (bugalhados) das performances do NAO, e já o ROBEAR se enfurecia ciumento da minha fixação no NAO (ainda que eu tenha percebido quanto o Robear gostou do meu novo corte de calebo, digo, cabelo, que me dá um ar giro e gaiteiro, reconheço). Vida minha, que bonito é o Robear: olhos grandes (em homenagem a mim, óbvio), características de urso polar, forte mas elegante, e delicado com as pessoas frágeis; meu querido Robear, lindo! Adiante... Tenho andado a pensar em falar consigo sobre a representação do tempo quer na inteligência humana quer no domínio da inteligência artificial. Vamos lá, tenho pouco tempo, pedi ao Sol que desse um ar de graça, ele aí está, impante como eu gosto. Vou então transcrever as primeiras três notas que escrevi no meu caderninho preto argolado. Assim: "(1) A representação do tempo é uma preocupação constante para o ser humano e que se exprime a diversos níveis: na linguagem mas também na organização social, por exemplo em calendários precisos, velhos de muitos milhares de anos. Na ciência, a representação matemática do tempo por operador diferenciais marcou um progresso considerável da física (reler Leibniz e Newton, não posso esquecer, rimou, ups). Foram desenvolvidas, em seguida, outras representações do tempo: entre elas a lógica matemática, relativamente recente e essencial para a formalização do raciocínio temporal. (2) Os trabalhos em inteligência artificial relativos ao raciocínio temporal ligam-se (prendem-se) com a necessidade de resolver problemas de interpretação de sequências de acontecimentos, de diagnóstico ou de controle de sistemas dinâmicos, ou ainda de planificação de tarefas: seja, genericamente o que está em causa é o raciocínio sobre a mudança, e este raciocínio é muito importante em robótica, tanto para a percepção quanto para a acção num ambiente evolutivo. Com efeito, uma "máquina inteligente", por exemplo o NAO e o ROBEAR e muitos outros, para ser capaz de um comportamento mais autónomo, deve dispor de uma representação do tempo: do passado e do futuro. (3) O tempo é um vector essencial da causalidade, sem o qual não podemos nem compreender o presente à luz do passado, nem antecipar ou planificar um pouco de futuro..." . Porque é que parei nesta terceira nota? Ora essa, porque só agora me lembrei (que me esqueci) de lhe desejar um bom dia. Não conhece o que possa ser "a síndrome de mim" e quais os seus sintomas e quais os seus efeitos? Meu caro, meu caro admirador da minha elegância natural - rosto, perfil, curvas suaves, inteligência e sentido de humor -, perceba de uma vez que "a síndrome de mim" tem directamente a ver com o facto de eu ser os quatro pontos cardeais da sua vida: eu sou o seu Norte (Empatia), o seu Sul (Autocontrolo), o seu Oriente (Sentimento moral), o seu Ocidente (Razão). Acorde, meu adorado admirador, só sendo portador da síndrome de mim chegará à aceitação de si...
(Nova mensagem recebida)
Pois sim, meu adorado admirador de mim (rimou outra vez, sim e mim, gosto). Ando a matutar na sua síndrome de mim; e, uhm, a síndrome é rara, pois é contagiosa que se farta, vida minha, acudam, às armas: então não é que diagnostiquei que sou portadora da síndrome de si? Adiante. Mandei a chuva embora, fiz bem, certo? Claro que fiz, até o sol se desempaneou só para me agradar, claro que estou linda, óbvio... Não! Acha mesmo?! Calma, deixe que eu oiça bem a sua mente a falar. Não! Neorealismo meu! A sua mente não pára de me chamar um espelho de mim? Vida! Jesus! E se um espelho olhar ao espelho, o que é que lá pode ver?
(Nova mensagem recebida)
Hoje é dia de fantasia (ups, rimou): Espelho meu, Espelho meu...
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