O que vemos é a realidade?

La "ilusión de extinción" de Ninio y Stevens
(Mensagem recebida)
Dei por mim, meu caro astuto admirador das minhas qualidades que nunca acabam, dei por mim, escrevia eu, dei por mim a olhar para a imagem que lhe envio. Pode lá ser, raio de vida, doze pontos pretos e nunca os vejo ao mesmo tempo, pode lá ser. Inteligente como sou (e isto não é gabarolice, sou mesmo assim) perguntei-me: o que vemos é a realidade ou a realidade constrói-se constantemente na mente (rimou, ups, adiante)! Hoje fico-me por aqui. Vou agora de carreirinha saber a diferença entre ver e olhar. Óbvio, claro, nem mais meu caro, vou tentar compreender como é que (no cérebro) o córtex codifica o ver e o agir (isso, percepção- acção). Se eu sei que há estudos que na transformação visual-motora revelaram uma dualidade anatómica e funcional entre dois subsistemas: um sistema visual dedicado à percepção consciente e à conceptualização, e outro, um sistema visual dedicado à acção e ao movimento? Então não! Claro que sim, óbvio! Se também sei que o cérebro manipula a informação sensorial que lhe chega para criar um ambiente prático onde nos movemos? Olha a novidade! Adiante, agora estou de olhos grandes em riste, mas onde diabo se escondem os pontos? Eureca! Deuses! Para podermos sobreviver, o nosso cérebro treina e cria ilusões de extinção. Quer um exemplo. Aí vai. Ontem tive uma reunião difícil, de criar bicho, zangas minhas, um patarata atravessou-se no meu caminho, ar doutoral, assim, assado, bem que percebi os seus olhares furtivos e gulosos. Não o corrigi, o meu cérebro declarou-o extinto. Que dinossauro excelentíssimo, vida! Pergunto-lhe a si: o que vemos é a realidade?

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