Levar a sério o hipotético...

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(Mensagem recebida)
Fiquei ontem, meu caro atento a tudo o que eu penso e digo (e como o penso e como o digo), fiquei ontem de franja solta, quando ouvi explicar, digo, tentar explicar (blá, blá, blá e assim e como assim) que poderá haver mais impostos em Portugal (impostos para os ricos pagarem o aumento das pensões dos pobres). E, zás, inteligente como sou, abri os meus olhos grandes e sosseguei-me, soletrando como quem pondera argumentos: é importante levar a sério o hipotético. Aí é que foram elas, meu caro admirador de mim inteirinha, aí é que foram elas, seja então: confirmei a diferença que há em ter (ou não ter) no vocabulário muitas e variadas abstracções taquigráficas. Vida minha, tenho lhe dizer tudo, vá lá, uma abstracção taquigráfica é "um difícil instrumento de análise que, uma vez adquirido, permite às pessoas que manipulem sem esforço relações abstractas". Quer exemplos? O que passo consigo, atente em: proporcional, correlação, causalidade, empírico, amostra representativa, and so on (sorry, saiu-me, ups, vida). Adiante que um dia de sol me chama de mansinho (não lhe disse ainda que comprei um vestido castanho-outonal, amanhã arraso, céus, sou assim que se há-de fazer). Então, aí tem, fui ouvir mais uma vez o James Flynn (que figura sábia e curiosa!); e, zástraz, mais esclarecida e corajosa, rabisquei no meu caderninho argolado: "Afinal aquela novita atrevida não mete água, a verdade é que muitas pessoas (a maior parte) ainda não falam da "economia" como uma força natural com poderes causais semelhantes aos poderes causais do tempo meteorológico. Por isso não sabem (não podem saber) que levar a sério o hipotético é ganhar a possibilidade de desenvolver argumentos morais...". Tanto me sobra de beleza e inteligência e sabedoria, vida!

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