As flores e a natureza da consciência
Há milhares, há muitos milhares de anos que as
flores personificam a beleza e a perfeição da natureza. De acordo com
estatísticas credíveis (elaboradas por botânicos dedicados e competentes)
existem mais de 270000 espécies de flores. Este pode (quem sabe) ser um bom
ponto de partida para olhar para a natureza da consciência: é nela que se
encontra a chave tanto da criatividade quanto dos factores que a embaraçam.
Vejamos. Não há dificuldade em perceber que a consciência é inseparável dos
processos materiais do cérebro e do sistema nervoso: afinal de todo o corpo.
Assim sendo, também dúvidas não haverá de que o pensamento, os sentimentos e a
intenção podem mudar a distribuição do fluxo sanguíneo e várias
substâncias químicas no cérebro; e, reciprocamente, as mudanças induzidas na
química cerebral podem modificar os estados mentais. Daqui é possível retirar que (subtilmente) a informação (abstracta e concreta) respeitante ao significado de
alguma circunstância externa (tal como a presença real ou imaginada de perigo),
pode afectar as hormonas e outras substâncias químicas do cérebro, quando se
deslocam por todo o corpo: deste modo, o cérebro ou (e mesmo) o corpo todo
alteram profundamente o pensamento, os sentimentos e a intenção... Poderão as
palavras traduzir aquelas alterações no pensamento, nos sentimentos e na
intenção? Sim, parece que sim, podem. Seja: se a natureza da consciência
entrelaça a evidência e a subtileza, nada melhor que procurar (desocultar e desvelar) nas palavras dois sentidos: o evidente e o subtil. Poderão ser verdadeiros ou falsos? Sim, poderão...
Adenda
Hoje é dia para (revisitar) Marcel Proust...
(Mensagem recebida)
Meu caro. meu caro admirador de tudo quanto eu digo e não de tudo o que eu faço, li com atenção o seu textinho sobre a natureza da consciência (não sem antes me perder rosas adentro, vida, céus, que lindas). Adiante que um sorriso desafia os meus olhos grandes. Estive a matutar no seu último parágrafo... Fez-me lembrar um quadro de René Magritte, em que se vê um cachimbo e uma legenda: "Isto não é um cachimbo". Neste caso, percebe-se bem, uma pintura, por mais realista que seja, fica sempre muito longe de um cachimbo verdadeiro, até a palavra "pipe" (cachimbo) não é um cachimbo autêntico. Se calhar, digo eu que não me acanho e nem incomodo por aí além, uma teoria, por exemplo, uma teoria sobre a natureza da consciência, deveria ostentar uma legenda: "isto não é a natureza da consciência". Adiante que hoje é domingo. Dizem (posso fazer o quê, sina minha!), dizem que sou encantadora, linda e inteligente. Calo-me, mas pergunto sempre em jeito de quem sabe: e espirituosa, não?
(Mensagem recebida)
Meu caro. meu caro admirador de tudo quanto eu digo e não de tudo o que eu faço, li com atenção o seu textinho sobre a natureza da consciência (não sem antes me perder rosas adentro, vida, céus, que lindas). Adiante que um sorriso desafia os meus olhos grandes. Estive a matutar no seu último parágrafo... Fez-me lembrar um quadro de René Magritte, em que se vê um cachimbo e uma legenda: "Isto não é um cachimbo". Neste caso, percebe-se bem, uma pintura, por mais realista que seja, fica sempre muito longe de um cachimbo verdadeiro, até a palavra "pipe" (cachimbo) não é um cachimbo autêntico. Se calhar, digo eu que não me acanho e nem incomodo por aí além, uma teoria, por exemplo, uma teoria sobre a natureza da consciência, deveria ostentar uma legenda: "isto não é a natureza da consciência". Adiante que hoje é domingo. Dizem (posso fazer o quê, sina minha!), dizem que sou encantadora, linda e inteligente. Calo-me, mas pergunto sempre em jeito de quem sabe: e espirituosa, não?
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