Ui se as andorinhas rissem
Chegaram
da cidade, vontade imensa de conhecer “o interior profundo”: as gentes, a vida do campo, os
montes e os vales e as serranias e os ribeiros... Era um casalinho equipado a rigor (como manda a
moda), botas de monte e mochila, binóculo e cantil, e vagueava à entrada de um
cabeço de pinheiros. Ora bom dia, saúdam, dizem que há linces na Malcata,
há mesmo? O Zé Dias, sentado perto de uma presa com água, cumprimentou-os, disse que não tinha ouvido falar nos gatos bravos e
avisou que o dia iria estar quente, grande caloraça se avizinhava, que tivessem
cuidado; bebam muita água, preveniu. As andorinhas desciam em voo rasante, bebiam e apanhavam insectos a
boiar na água da presa. Estes pássaros são seus? Disparou ela enquanto limpava as botas
sujas de poeira. O Zé Dias hesitou um quarto de segundo, pensou e não foi de modas:
são, são meus, tenho-os numa gaiola atrás daquele muro ali… Ui se as andorinhas rissem!
Saboroso.
ResponderEliminarObrigado.