Até o meu dente, sensível, sorriu de mansinho...
(Mensagem recebida)
Ele há coisas, meu estonteado e preferido admirador, ele há coisas, este mundo tem coisas! Calma, não se apresse, eu conto-lhe o que me aconteceu. Um dos meus dentes, armado ao pingarelho, arranjou-me uma dor moinha, dentista para que te quero, aí vou eu antes que se faça tarde. Sala de espera com duas pessoas tristinhas (dores de dentes a quanto obrigam, Santo Deus!), e revistas antigas em barda, espalhadas adrede. Numa delas (ui o meu jeito natural de olhar as imagens), a rainha Máxima de Holanda (ups, tem estilo, gosto e gosto e gosto) e o presidente Xi Jinping da China brindavam, sei eu lá ao quê, não li a notícia até ao fim: fiquei-me pela forma de segurar o copo. Aposto, meu admirador de cada dia (faça sol ou faça frio), aposto que me vai dizer que a rainha não conhece o ritual, já o estou a ouvir: "olhe só a forma proletária que ela adopta para segurar o copo". Adiante, que esse seu ar de perito me deixa de franja à banda. Com que então o presidente da China é que conhece o ritual? Sério? Pois é, meu caro sábio, engana-se. Engana-se porque o pé do copo tem origem na necessidade de evitar que o odor das mãos (há quem as não soubesse lavar, ou não as lavasse mesmo, conhece a expressão mãos limpas?) se misturasse nos eflúvios do vinho. Grande Máxima: bom senso, elegância, etiqueta e certeza de higiene calham-lhe mesmo bem. Tanto a ela como a mim, diga-se de passagem (sou assim que se há-de fazer!). Até o meu dente (sensível) sorriu de mansinho, ele é mesmo meu, digo, ele é mesmo eu, digo, sou mesmo eu...
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