É milagre, não é do vinho, só pode ser milagre


(Mensagem recebida)
Sei que não sabe, meu caro, sei que não sabe que sou devota dos Beatos Jacinta e Francisco. Admirado, muito admirado?! Ora essa, tem bom remédio, leia esta minha mensagem até ao fim, e desadmire-se. Vamos lá. Ontem foi dia de leveza e de nanos e de nanices ternurentas, olhe o que decidi! Aí o tem. Sentei-me à mesa da minha impecável cozinha, prato branco lisinho, uma boa fatia de pão, presunto e queijo de Seia, o lugar da felicidade lá ao fundo da janela de água e, olálá, uma taça (de pé alto) de Cabeça de Burro! Juro, pela minha saúde, meu dito, meu feito, escolhi, decidi. O que é que a Jacinta e o Francisco têm a ver com isto? Acalme-se, eu conto. Adiante (ressalvo que quando digo "cabeça de burro", embora o pense, nem por sombras me refiro a si). Então é assim, meu caro pensador-poeta e todos os dias meu admirador, então foi assim, nem lhe digo e nem lhe conto, vida. Aquela taça de vinho teve um efeito magnífico e as minhas memórias tomaram conta de mim: tão nítidas e vivas e intensas; se eu escrevesse tudo o que sonho de tudo o que me passa pela cabeça, encheria desenas, digo, dezenas de cadernos, seriam páginas e páginas de retratos quotidianos e de cenas espectaculares, adiante, estou assim a modos que com calor. Que bom cabeça de burro me saiu, o vinho está já a fazer jus ao nome, imagine que me sinto como naquele dia em Fátima, naquele dia o calor e o rubor e a vergonha à mistura com o desejo contido (Beatos Jacinta e Francisco sabem que eu não minto), e mais aquele outro dia em que veio ter comigo com a pressa no corpo e no olhar (Nossa Senhora, as suas mãos na minha cintura perfeita, pele de galinha a minha!), e mais as últimas nanines e o amor do amor e do querer mais e ainda mais. Estou, céus, estou a sentir o meu joelho a tocar o seu joelho como naquele dia em Fátima, pode lá ser, é milagre, não é do vinho, só pode ser milagre. Não lhe dizia eu que sou devota dos Beatos Jacinta e Francisco?

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