Quem mexeu no meu queijo?



(Mensagem recebida)
Não se surpreenda, meu caro, e não se assuste com estes dois ratinhos. Apanhei um deles na minha cozinha limpíssima. De onde teria ele vindo? Questionei-me. Céus, acudam, vivia dentro de um queijo que me tinham dado, já lá vão uns tempinhos. Adiante. Tem que se ter muito cuidado: os ratos transportam doenças (que cretinos, defecam em qualquer lado e em linha recta, porque será?!). Adiante de novo... Vai daí, lembrei-de deste livro (releia, com tempo, vai gostar) e de um curioso poeminha (científico) de Fernando Pessoa. Espero que leia o livro e que comente o poema, este:

"Viviam sempre contentes,
No seu buraco metidos,
Quatro ratinhos valentes,
Quatro ratos destemidos,

Despertaram certo dia
Com vontade de comer,
E logo à mercearia
Dirigiram-se a correr.

O primeiro mais ladino,
A uma salsicha saltou,
E um bocado pequenino
Dessa salsicha papou.

Eu choro do rato a sina,
Que a tal salsicha matou,
Por causa da anilina
Com que alguém a colorou.

O segundo, coitadinho,
À farinha se deitou,
E comeu um bocadinho,
Um bocadinho bastou.

Após comer a farinha
Teve ele a mesma sorte,
Pois o alúmen que ela tinha
Conduziu-o assim à morte.

O terceiro, pra seu mal,
Gotas de leite sorveu,
Mas o leite tinha cal;
Foi por isso que ele morreu.

O quarto, desmiolado,
A negra morte buscou,
E julgou tê-la encontrado,
Quando veneno encontrou.

E sorvendo sublimando,
Enquanto este gastava,
(Agora invejo-lhe o fado)
O feliz rato engordava.

É só cá neste terreno,
Que caso assim é passado,
Até o próprio veneno
Já fora falsificado."

Adenda
Até que estava à espera, meu caro, de algo estranho. Não lhe dizia eu que uns ratos andaram a mexer no meu queijo? Olhe só. Acabo de ler isto, pode lá ser! Alguém que se esganice (elas pois, elas, essas), defendam as touradas, viva o fado...  Desdém, desdém, é o que sinto. Gosto de espalhar o meu desdém com torrões de ironia com aparência de açúcar. Sou assim, de nascença, que se há-de fazer!

Nova adenda
E depois, isto... Não pode ser!

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