A realidade é (e não é) o "arquivo" da Humanidade

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(Mensagem recebida)
Não pense, meu caro admirador de mim, não pense que tudo é fácil, não pense mesmo. Vem este meu desabafo a propósito de algo (ponha algo nisso) que me tem deixado incomodada, seja, contam-me que a realidade é (e não é) o "arquivo" da Humanidade ("arquivo": alô Foucault!). Até que concordo e discordo. Concordo porque a realidade é o que cada observador vê e sente; não concordo porque algo se esconde, digo, emerge da realidade: um entidade divina. Acudam, que estou metafísica. Adiante. Quero ainda dizer-lhe que um dos "busilis" da questão mora na dificuldade de acesso ao "arquivo/realidade"), e apenas (digo eu que sei do que falo) duas veredas o permitem. Uma, a vereda da dúvida: esta vereda tem início na realidade e percorre-se facilmente. Outra, a vereda da suspeita: esta vereda parte do interior de cada um de nós e (céus, que difícil vereda), só com a sinceridade a tiracolo a conseguimos percorrer. Adiante, já percebi: quer saber se estou linda, óbvio, sempre. Porque é que escolhi a imagem que lhe envio? Porque me apeteceu, ora essa, achei piada brincar com a hipótese da evolução por selecção natural. Tem presente que esta hipótese (elaborada por Darwin entre 1837 e 1859) pode ser resumida por duas proposições? Não tem! Surpresa minha nenhuma. Vamos lá: as espécies não foram criadas de uma só vez e separadamente; o principal (mas não único) agente de transformação foi a "selecção natural", ou seja, o predomínio progressivo dos tipos que apresentavam características mais favoráveis para a sobrevivência e o sucesso. Viu? Leu e percebeu? Bem, gosto, concordo: trata-se de uma hipótese-conjectura que enuncia factos e acontecimentos, observáveis directamente ou através dos seus vestígios. Se é possível descrever a traços largos a história da ciência descrevendo as alterações de estatuto da noção de hipótese? Óbvio, meu caro, óbvio, mas agora não é hora para mais discursos filosóficos, a realidade espera-me nas curvas da vida. Por falar em curvas, tão (mas tão) lindas são as curvas do meu vestido novo!

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