Não! Sim! Mas a manta é minha!

É mesmo como lhe digo, coitados: há tempos-momentos em que alguns não sabem o que fazem e nem o que dizem, cá por mim adiante, vamos a isso, ui este calorzinho da sua manta de lã merina, vem mesmo a calhar, quem diria que voltava a chuva e o frio. Alto lá, interrompi o discurso atrapalhado da única fada que só faz o que lhe apetece, ontem já se armou em sábia com o comentário de que a as fadas tudo sabem, e agora aqui de novo, a sua chegada quer dizer o quê? Enroscou-se linda de estar, fez-se de desentendida, e lá tive eu que continuar: não responde, seja como quer, também eu não respondo por mim. (…). Não lhe dizia que o calorzinho da minha manta de lã merina vinha mesmo a calhar, esta coisa da concordância de tempos tem que se diga, que calma depois de tão turbilhonante actividade, quão tanto gosto de agora me sentir concha, as minhas formas são curvatura do tempo. A ver se nos entendemos, ripostei, porque é que a concordância de tempos é para aqui chamada e não me esqueci do seu “coitados” e registe (de uma vez por todas) que a manta é minha. Olhou-me como quem fala, e eu percebi que a concordância de tempos tinha ver com o que tinha acontecido entre nós: o tempo dos relógios de Einstein tinha concordado com a sucessão de acontecimentos (pontos de convergência e de fusão de Aby Warburg na obra de arte). Preparava-me para lhe contar a minha descoberta, e ela desperta e de olhos grandes em riste: isso, concordância de tempos é isso, é isso mesmo, foi o que aconteceu. Palavra de fada, trauteou: debaixo da minha manta de lã merina, no nosso reino secreto, trocamos agora cúmplices olhares: felizes e já coitados. Felizes e já coitados? Como?... e já coitados? Coitados? Nós? Os dois? Foi o que ela disse? Não! Sim! Mas a manta é minha! 

Adenda (mensagem recebida)
Pois sim, meu caro, quanto já me ri, digo, quanto já sorri, tanto... Adiante. Olhe só esta notícia. Já leu, óptimo: decisão tomada e três milhões de euros a sustentar decisão. Mas, ups ("gerigonça" de uma figa, criatividade política e originalidade única!), faltava nomear uns quantos maduros para (no prazo máximo de 180 dias) fazer (em) um programa de execução: já está. Li e reli tudo (a notícia e o despacho) de novo, e ainda  "mais um par de botas"; e, zás, fui ao meu baú, vida, ora leia o que encontrei. Adiante.
Aqui lhe envio um comentário que são três: (1) quando se fala de manuais escolares, não se diz que se trata apenas de livros de texto (um dia, com tempo, conto-lhe como é possível fazer outro género de manuais, adiante, ui o negócio dos manuais!); (2) toma-se uma decisão que (estima-se) vale três milhões de euros; e depois (só depois), nomeia-se um grupo de trabalho (de consenso governamental com apêndices) para estudar e elaborar um programa de execução; (3) Mas então não teria sido prudente saber o que outros já fizeram (ou que estão em vias de fazer) e ter adiantado trabalho, recorrendo à miríade de estudos que por aí andam perdidos (e alguns deles bem financiados)?
Peço-lhe, meu caro, mil perdões pelo que vou dizer, mas cá no meu pensar a nossa Provedoria de Justiça não tem um Defensor do Povo; cá para mim, a Provedoria de Justiça deste nosso país serve para justificar o culminar de carreira de uma "personalidade grata" aos maiores partidos. 
Notinha de rodapé
Reli o seu textinho e, na minha cabeça, está agora a acontecer um concerto de música medieval, Santo Deus, ai de mim coitada!

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