Exemplo e Revelação

Ando à procura de escrever um poema com curvas, muitas curvas, afinal o mundo não é feito de linhas rectas, mas sim de linhas curvas. Se o poema não aparecer em tempo útil, atiro-me de cabeça, aí vou eu, escreverei sobre curvas como quem viaja por estradas sinuosas. Escreverei sobre a curva da cintura e do ombro e do pescoço e da nuca e do círculo grande dos olhos e das curvas escorregadias e das curvas mais pequenas aos cantos da boca quando um matreiro sorriso (dela) se desvela. Rimou, paciência, está dito, adiante. Afianço já que respeitarei a ecologia da língua, como agora se diz, respeitarei a ecologia da nossa língua portuguesa: do Vieira e do Camões e da Natália e do Camilo. Nem por sombras (mafarrico dos acordos ortográficos, desanda que a poesia é livre), nem por sombras escreverei incontornável ou absolutamente brilhante ou acutilante ou vertente ou caso vertente ou paradigma ou epifania. Achei, que sorte! Em vez de paradigma vou dizer exemplo e em vez de epifania vou usar revelação. Se ela é exemplo e revelação e se também os exemplos se revelam nas curvas da vida? Óbvio!

Aditamento
Enquanto o poema não aparece (uhm...), vou ficar por aqui: sempre quero tirar a limpo o significado de sincronização espontânea.

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