Sorriso lampeiro o seu, gosto!
(Mensagem recebida)
Não quero, meu caro, não quero que lhe falte nada (sou assim, nada a fazer) nos seus estudos sobre o "estado da arte" (ui!) da Educação em Portugal. Envio-lhe uma "Resolução do Conselho de Ministros" que ontem foi publicada no Diário da República. Se já a li? Óbvio que sim! O que é que eu penso dela? Oh pá, não lhe parece que está a exagerar nas perguntas? Tudo bem, não penso nada, quero dizer, penso que é nada. Coitado, olhe só a sua cara de aflito. Não se amofine, eu explico-lhe tintin por tintin. Pense. A gente lê aquilo tudo e quase fica monge do Tibete, precisa de contemplação e de mística. Adiante. Vamos a coisas concretas. Destaquei um parágrafo e gostava que o lesse comigo, está lá tudo:
“Nesta sequência, entende o Governo aprovar
os princípios de uma estratégia nacional para a promoção do sucesso escolar,
bem como a criação de uma Estrutura de Missão para a Promoção do Sucesso
Escolar, integrando personalidades de reconhecido mérito e competência na área
da educação, que deverá propor ao Governo o desenvolvimento de linhas
orientadoras e a identificação das iniciativas a prosseguir no âmbito do
Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar.”
Já leu? Óptimo. Três são então os objectivos da dita Resolução: (1) aprovar os princípios de uma estratégia nacional para a promoção do sucesso escolar; (2) (aprovar) a criação de uma Estrutura de Missão para a Promoção do Sucesso Escolar; (3) (re) apresentar um Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar. Pois sim, agora é que porca torce o rabo: (1) princípios de estratégia nacional: nicles, batatóides; (2) estrutura de missão: uns tachos anunciados para três anos lectivos; (3) programa nacional de promoção do sucesso escolar: infinitos até dizer chega. Acha mesmo? Acha que eu não estou a ler bem, é só facciosismo da minha parte? Não, nem por sombras, provo sempre o que digo. Vamos lá: (1) quanto à ideia de uma estratégia nacional leia este documento; (2) quanto à estrutura de missão: pode ter a certeza de que é necessário (antes de tudo) saber equacionar e gerir o tempo; (3) quanto ao dito Programa Nacional...: compare (para sua irritação) a estrutura dos sistemas educação em Portugal e na Espanha; já entendeu que enquanto não mudarem a estrutura do sistema de educação não haverá programa que valha? Meu caro, adoro vê-lo sorrir, sabe que sim, deixe-me adivinhar, o seu sorriso traz água no bico, seja, está a pensar que já podem ser nomeados uns quantos maduros para a estrutura de missão porque a citada "Resolução do Conselho de Ministros" entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação. Melhor dito, já percebeu que (na "Resolução...") primeiro faz-se e divulga-se o programa, depois nomeia-se uma estrutura de missão e, logo a seguir define-se uma estratégia nacional. Tudo certo, meu caro, só que tudo do avesso, a ordem dos factores não é arbitrária, seja, primeiro define-se uma estratégia nacional, depois nomeia-se uma estrutura de missão e, logo a seguir faz-se um programa para cumprir e avaliar... Sorriso lampeiro o seu, gosto!
Post-it (colado)
Gosto, meu caro, gosto tanto (mais que muito) do Orfeu e da Eurydice, céus, ela é como eu (ou será que eu sou como ela!): aquela destravada Resolução ainda me baralha, que posso eu fazer, vida, céus, Michio, teoria das cordas...
Adenda
Uma imagem que ilustra bem a complexidade dos sistemas educativos/escolares.
Adenda
Clarinho como a água clarinha..., e:
- "... Agora, com a legislação promulgada, está instalada a entropia nas escolas. Umas vão fazer o que já faziam, outras vão fazer outra coisa, adoptando novas provas preparadas à pressa. O argumento de que a escolha do modelo de avaliação, o antigo ou o novo, assenta na autonomia das escolas não passa de uma desculpa esfarrapada... ".
Adenda (20-04-2016)
Duro, muito duro, mas bem, muito bem...
Adenda
Uma imagem que ilustra bem a complexidade dos sistemas educativos/escolares.
Adenda
Clarinho como a água clarinha..., e:
- "... Agora, com a legislação promulgada, está instalada a entropia nas escolas. Umas vão fazer o que já faziam, outras vão fazer outra coisa, adoptando novas provas preparadas à pressa. O argumento de que a escolha do modelo de avaliação, o antigo ou o novo, assenta na autonomia das escolas não passa de uma desculpa esfarrapada... ".
Adenda (20-04-2016)
Duro, muito duro, mas bem, muito bem...
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