O Pecado original, a ilha de Cuba e o Paraíso terrestre


Cedo, ainda era muito cedo, e já as notícias não desgrudavam dos jornais: Fidel Castro diz que Cuba não precisa de favores dos Estados Unidos e blá, blá, blá. Notícias relatadas com secura; quando falam de Fidel Castro os jornalistas falam da sua coerência, nem outra coisa se esperava, a coerência em princípio é uma qualidade, mas a coerência não é uma virtude que valha por si, não é de certeza... Enquanto assim matutava, lia eu o artigo de Fidel Castro Ruz a que as notícias se referiam, quando sem se fazer anunciar (sempre a mesma), a única fada que não dorme, me invectivou: por causa dessas e de outras é que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso terrestre. O quê?! Como é que é?! Não consegui segurar as perguntas. Veja bem, meu caro, respondeu ela, olhe a imagem que lhe mostro (bem que a apreciei num tríptico de uma igreja de Florença, adiante), pense comigo, que lhe parece, é ou não verdade que o pecado original aproxima a ilha de Cuba do Paraíso terrestre? Penso que não, ripostei, o pecado original é apenas uma metáfora e nem Adão e nem Eva existiram (Papa Francisco dixit), e também Hegel, na minha forma de ver, pensou muito bem,,. Oh, oh, meu caro, trauteou, deixe de falar no Hegel, pondere no pensamento de Fidel; e, quando tiver algum tempo, fale comigo, adiante, deixe pralá, despachou-me. E, de olhos bugalhados à proa de um sorriso gaiteiro, suspirou: agora, céus, paraíso, acudam, tenho os olhos grudados no Adão..., ai Eva, Eva!

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