Eclipse nesse passo o sol padeça

O verso mais espantoso (e perfeito e belo e único) da poesia portuguesa..., mora na primeira quadra de um muito conhecido soneto do nosso Luís de Camões: "eclipse nesse passo o sol padeça".

"O dia em que eu nasci, moura e pereça
não o queira jamais o tempo dar,
não torne mais ao mundo, e, se tornar,
eclipse nesse passo o sol padeça.
A luz lhe falte, o sol se |lhe| escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
a mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas, de ignorantes,
as lágrimas no rosto, a cor perdida,
cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes,
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu!
"
Camões, Luís de, 1994. Rimas. Coimbra: Almedina                                                  

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