No cérebro um parzito de segundos faz a diferença
(Mensagem recebida)
Oh, oh, meu caro, imagine só, já vesti roupa de dormir quentinha e, antes de mergulhar nos sonhos, ainda estou a deliciar-me (intimidade minha!) naquelas imagens lindas e coloridas que escolheu do arco íris cerebral: o cérebro que não se vê é maravilhoso, parece que temos flores e balões coloridos dentro da nossa cabeça. A beleza mora em nós e todos os dias caminha ao nosso lado, verdade? Bem que lhe pergunte: objectos que lembram rostos humanos estão em toda a parte (céus, demore-se na imagem que lhe envio), como é que o cérebro sabe que é ou que não é um rosto? Como é que disse? Não acredito... Adiante. Aí vai, seja curioso: o trabalho colaborativo entre os dois hemisférios cerebrais é particularmente relevante na percepção visual e espacial; assim é o processo: o hemisfério esquerdo (especializado no reconhecimento facial) chega-se à frente (um parzito de segundos), calcula as possibilidades de ser um rosto e passa a informação ao hemisfério direito; o hemisfério direito usa de imediato esse informação para que o cérebro tome uma decisão rápida, categórica: é um objecto que é um rosto humano ou é um objecto que não é um rosto humano. Como é que eu sei tudo isto? Ora essa! Sei que o tempo é instrutivo e sei que exige colaboração... O que é que me está a perguntar? Pergunta interessante, gosto. Não perca mais tempo; para saber como é que o cérebro aprende para ver, comece por aqui... Agora vou para os braços de morfeu. Mas ainda lhe digo que me parece que hoje o frio da rua se entranhou no meu corpo; este meu corpo perfeito e "flor de estufa" quer calor, não se dá bem com as temperaturas frias; tenho esperança que o sol regresse rapidamente. Não core, não ruborize, aguente-se, calma; vou revelar-lhe os dados que estou a inserir para navegação (GPS, sim) - pálpebras minhas, é só mais um parzito de segundos, please, please... -,vamos lá então, assim: rotunda da asadinha, mão dada e olhares cúmplices, jantar longo e bem conversado ((esclareço; daqueles jantares de dar inveja aos restantes comensais (alguns, uns palonços!): olham de soslaio, esticam o ouvido, livra, aqueles dois conversam e conversam e este aqui (ou esta aqui) que não abre a boca)), fim de dia suado, céus, acudam, também quero, mereço, aconchego... Monteverdi ou Debussy? Deixe-me pensar, uhm, uhm ..., escolho Chopin.
Eu sei, eu sei, meu caro, que não sabe que esta pintura é de uma artista coreana, eu sei, mas isso agora também não interessa. O que interessa é que - Michio, só um parzito de segundos, já falamos - , (céus, aquele Michio sempre a querer falar comigo, que vida!)..., o que interessa é que (dizia eu) o cérebro e o universo são uma e mesma coisa (é tudo um problema de escala)... Adiante. Na minha noite de dormir, apanhei livre uma fresta no multiverso e fui direitinha à minha infância; e, quando vi a pintura daquela artista (coreana), exclamei: sou eu, somos nós, és tu e eu e nós. Logo, logo depois, acordei de olhos papudos (sina de ter nascido com olhos bugalhados). Sim, diz lá Michio, rápido, desengoma, não percebes o quê?!...
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