A necessidade humana de habitação é permanente


"Os edifícios acompanham a humanidade desde a sua história originária. Muitas formas artísticas surgiram. A tragédia surge com os gregos para com eles se extinguir e reviver depois de séculos. A épica, cuja origem está na juventude dos povos, apaga-se na Europa com o Renascimento. A pintura de quadros é uma criação da Idade Média, e nada lhe garante uma duração interrompida. A necessidade humana de habitação, pelo contrário, é permanente. A arte de construir nunca esteve em repouso. A sua história é mais prolongada que a de qualquer outra arte, e recordar a maneira em que se realiza a sua acção é de importância para qualquer vontade de explicar a relação das massas com a obra de arte. A recepção dos edifícios acontece de uma dupla forma: pelo uso e pela percepção dos mesmos. Melhor dito: de forma táctil e de forma óptica. Para chegar a um conceito desta recepção há que deixar de a imaginar como o que é usual em quem sente recolhimento perante ela: nos turistas perante um edifício famoso, por exemplo. No lado do táctil não existe um equivalente ao que é a contemplação no lado do óptico. A recepção táctil não acontece tanto pela via da atenção como pela da habituação. Perante a arquitectura, até a recepção óptica está determinada em grande parte por esta última...(W. Benjamin, A obra de arte na época da sua reprodutibilidade, XVIII, 1935-36)

Quem melhor que Alexandro Aravena, na sociedade humana do século XXI (planetária e dual), será capaz de actualizar o pensamento de W. Benjamin sobre a arte de construir e de viver em comunidade?

Adenda
É justo...

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