O futuro é muito tempo: é ontem e hoje e amanhã
(Mensagem recebida)
Sabe, meu caro, a luz matinal e o reflexo do rio fazem-me lembrar o Porto do fim do século dezanove. Ui a suave neblina que se avista do meu quarto! Santo Deus! Eu que sou toda saudade, sinto saudade dessa velha cidade. Bem sei, meu caro, bem sei que a actual cidade do Porto tem ainda um quê de senhora velha e altiva e de passado orgulhoso, burguês, sim burguês. É isso. Um ar burguês. Tenho eu ainda um ar burguês, é o que está a pensar? Então não, claro que sim, tenho. Naquele tempo quanto passeei pelas ruas sinuosas, com saias de fru-fru e toucados refinados. Fui admirada (claro que fui, e gostava) por cavalheiros inglesados a deitarem o olho à dama, assim a modos de galanteio. E (sabe lá!) num dia em que me aperaltei para um baile da fina flor da sociedade portuense na casa da feitoria inglesa, sede da "British Association"! Céus! Olhe só (na imagem) a minha elegância ao chegar, que lindo vestido cor de rosa, toda eu e mim, deslumbrante, única. Adiante que estou emocionada. Já nessa altura eu divertia os meus neurónios em tertúlias e dava asas à minha imaginação (mais coisa menos coisa menos isto mais aquilo) o mesmo que o meu caro admirador anda a fazer por aí, pelo "Fórum do futuro", no Porto nossa cidade. E, também, mais ainda, quanto eu adorava, em dias de insónia matreira, sonhar com manhãs claras e com ninhos de pássaros e com outras coisas mais que agora para aqui não são chamadas. Adiante. O futuro (nunca se esqueça, meu caro) é muito tempo: é ontem e hoje e amanhã.
Absolutamente vidrado (alegria minha!) pergunta aquele maduro lá ao fundo na imagem: quem é aquela?
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