Não lhe dizia eu que tocar é amar?

(Mensagem recebida)
Acontece-me, meu caro, acontece-me quando menos eu espero... Ontem (ó ontem meu!) desatei a tentar desenrolar a "stimmung" de Heidegger. Não sabe do que é que eu estou a falar. Paciência, consigo é sempre assim. Ainda lhe digo, no entanto, que um tradutor italiano andou por perto quando traduziu a "stimmung" por "tonalidade emotiva". Gostei da expressão tonalidade emotiva. Ups, tem a ver comigo, pensei eu meu caro atarantado por mim, tonalidade emotiva tem a ver comigo. Vai daí, fui ao meu caderninho argolado, quem sabe eu já tivesse escrito algo sobre a "stimmung"... Bingo. Olhe, oiça, saboreie só o que descobri (escrito em letra redondinha e com desenhos rabiscados à mistura): "Antes de se abrir em todo o saber e em toda a percepção sensível, o mundo abre-se aos meus olhos grandes numa tonalidade emotiva; sendo esta a minha forma de ser e estar no mundo, os meus sentidos são afectos...". Até a mim me surprendo, meu caro, até a mim me surpreendo! Não lhe dizia eu que tocar é amar? Tudo bem, percebo, quer mesmo saber o que é a "stimmung" de Heidegger? Se eu lhe disser que é o lugar da abertura ao mundo,  que é o lugar do ser, fica de cara à banda, não entende nada, nadica de nada. Como sou emotivamente orientada e sou (céus, ó céus, céus) anterior ao seu pensamento consciente, melhor será pensar em mim. Hoje ficamos por aqui. Sou sempre um desvelamento? É o que está a tentar dizer-me? Olha a novidade! Sou assim que se há-de fazer? Mas gosto, gosto, gosto que pense assim, de mim, em mim.

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