Céus, eureka, precúneo meu

(Mensagem recebida)

Não se enerve, meu caro, aconteceu-me o mesmo. Concentre-se na imagem. Como é que o Warturu Sato, perguntei-me a mim mesma, teve o desplante de me dizer que a fonte da felicidade subjectiva está localizada no cérebro, mais precisamente no precúneo (a mancha carmim na imagem) do hemisfério direito? Afinal ele tinha razão, tinha mesmo. A verdade é que eu olhava para a imagem e só via o hemisfério esquerdo. Distracção a minha? Não, claro que não, pois não. O cérebro, meu caro admirador de mim, é um emaranhado neural com possibilidades quase infinitas, o que significa que consome muito tempo e energia a escolher aquilo a que não deve prestar atenção. Daí resulta, por exemplo, que a criatividade seja quase sempre trocada pela eficiência. Adiante... Pois olhe que sim, olhe que, garantiu-me o Sato, olhe e saiba que o precúneo é assim a modos que um "hub logístico" de processamento de informação de forma consciente, uma estrutura fundamental para manipular as imagens mentais. E, meu caro (céus), ele deixou-me de franja à banda quando me disse como quem segreda: "é nessa zona do cérebro que nasce o sentimento subjectivo de felicidade que acontece por integrar uma componente emocional (por exemplo, experimentar mais prazer e menos desagrado) e uma componente cognitiva (por exemplo, a evolução da própria vida como satisfatória)". Ainda lhe perguntei se não haveria traços genéticos nesse "hub logístico" ("hub logístico", raio de explicação, céu da minha janela horizonte-água!). Óbvio que sim, disparou, mas é possível fortalecer aquela região do cérebro aumentando a matéria cinzenta através da meditação em fluxos constantes de surpresas. Como é que é (uhm), dei por mim a questionar, só se for porque o conceito de felicidade é um manhoso conceito escorregadio e a meditação permite regular as emoções (estava eu, meu caro, a recordar o meu dia de anteontem, o dia do espelho de água). Nem mais, concluiu ele, e perguntou ainda: verdade ou não que, nesse dia do espelho de água, quando chegou a sua casa ela continuava igual mas algo tinha mudado na sua cabeça? Verdade, retorqui eu, verdade, verdadinha, eu estava tã... tã... tão feliz... Céus, eureka, precúneo meu!