A ordem Coperniciana é a verdade das aparências

Preâmbulo da revolução copernicana
Parte de uma das folhas do manuscrito ‘Commentariolus’ - Biblioteca da Academia Sueca de Ciências, em Estocolmo.
(Mensagem recebida)
Acontece-me, meu caro, acontece-me, olhos-faróis os meus! Dei por mim (céus, sei eu lá bem porquê!) a ler este artigo de opinião "o ensino está todo errado" (atente no errado em itálico, assim é que está no original). Disse para comigo: ele há cada maduro, então é tão fácil revolucionar a educação e ninguém (acordem filósofos da minha vida) tinha dado por isso? Vou de carreirinha até à conclusão do artigo, seja ela, ipsis: "É isto que se pede ao ensino: dar ao nível básico conhecimentos que estejamos constantemente a utilizar, que nos permitam agir melhor e compreender a realidade em que vivemos. Depois, cada um desenvolverá conhecimentos de acordo com as suas capacidades, ambições preferências.". Podia, assim sendo, podia eu dizer, meu caro, que boa parte de escola pública deveria ser substituída por um qualquer centro de formação para o emprego, há para aí tanta necessidade de qualificações baixas e de baixos salários (pensa o Saraiva, não eu, óbvio). Mas não digo, isso eu não digo. Santo Deus, Senhor... Equações do 2.º grau e 3. º grau, problemas de física e química, escrever, que é lá isso? Noções básicas de cozinha, de trabalhos domésticos, de bricolage, isso sim. Adiante, tropecei num palavrão intempestivo. Adiante. Deixo-lhe uma citação do livro de um filósofo do século XX, o sábio Alain: "Il y a savoir et savoir. Lorsqu'un instituteur commence à expliquer les choses du ciel, décrivant d'abord les apparences, et définissant l'est et l'ouest par le lever et le coucher des astres, il se trouve souvent un mioche pour dire : «Ce n'est pas vrai, que le soleil se lève et se couche; c'est la terre qui tourne ; c'est mon papa qui me l'a dit.» Ce genre de savoir est sans remède; car celui qui sait ainsi prématurément que la terre tourne ne donnera jamais assez d'attention aux apparences; et si on lui parle de la sphère céleste, forme auxiliaire dont il est impossible de se passer pour décrire les apparences, il pensera que ce n'est pas ainsi, et cherchera, bien vainement, l'ordre Copernicien, tel qu'on le verrait d'une étoile. L'ordre Copernicien est la vérité des apparences; mais j'estime qu'il faut deux ou trois ans d'observations suivies, et selon les apparences, avant de former réellement l'idée du système solaire. C'est un mal irréparable, et trop commun, de douter avant d'être sûr.”; envio-lhe, também, o acesso fácil a um livro sobre educação (interessante) do Alain... "A ordem Coperniciana é a verdade das aparências": gosto, gosto e gosto. Não sabe quem é o Alain? Olha a novidade, surpresa minha, céus de Copérnico! Tem bom remédio, meu caro admirador de mim. Tem bom remédio, tem muito bom remédio, pergunte ao Saraiva!

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