Variação benjaminiana

Quando menos se espera, acontece. Disparam no cérebro neurónios adormecidos, dizem-me. Parece, parece que sim, parece que é verdade... Lia, interessado (sei eu bem porquê) esta notícia sobre a regeneração urbana da cidade de Marselha, e dou de caras com uma citação (no corpo do texto) de Walter Benjamin... Para Benjamin (1892-1940), tudo surgia a partir de iluminações: imagens que como relâmpagos unem o aqui e o agora, formando constelações críticas. Mais. Tinha ele o hábito de desenhar os seus pensamentos em papel, com letra escanzelada e fazendo figuras; não lhe saía da cabeça a ideia de constelação, uma obsessão pela imagem. Donde, onde, de quem, matutei com os meus botões, onde, donde, de quem eu conheço este comportamento? Adiante. Fui tentar saber mais. Para Walter Benjamin, a imagem era expressão da (dupla) metamorfose do seu pensamento; e, ao longo do tempo, essa imagem foi-se adaptando (?) à evolução das suas ideias: da imagem alegórica, à imagem-pensamento e à imagem dialéctica... Donde, onde, de quem, matutei com os meus botões, onde, donde, de quem eu conheço este comportamento? Fui tentar saber... Há uns dias atrás, escrevi de afogadilho depois de um sonho agitado: "Quanto mais me aproximo, mais ela me foge como um animal selvagem e esquivo e linda. A sua bravia beleza fascina-me; mas é em vão o meu esforço, restam-me os traços, a enigmática presença do que me escapa"... Vou agora e com tempo revisitar as constelações de Walter Benjamin.

Nota de rodapé
A imagem (que encabeça o texto) foi encontrada num lugar chamado Portbou.

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