O engano dos sentidos (3)

(Mensagem recebida)

Tudo bem, meu caro, tudo bem... Alinho na sua ideia de explorar o engano dos sentidos. Só que a minha perspectiva é bem mais pedagógica que a sua (mal seria se assim não fosse, adiante). Ontem deitei-me cedo. Comi, tomei um banho e deitei-me enroscadinha; e (ó céus) senti a sua presença. Pode chamar a este meu sentir ilusão ou engano dos sentidos mas eu gostei, ponto... Depois comecei a pensar no meu refúgio de vida e decidi provocá-lo a si. Fui-me (com ganas) direitinha à filosofia (outra vez, acudam-me) e demorei-me no Timeu de Platão, 25d. Porquê? Ora essa! Porque estou preocupada com a política portuguesa e quis saber coisas da ilha Atlântida; será que o meu refúgio de vida tem ainda resquícios da Atlântida? Creio que sim. Diz-se no Timeu que "há mais de 9000 anos (desde a época de Platão), antes de ter ocorrido o dilúvio que destruiu tudo, existia uma poderosa e florescente civilização cujo centro era numa ilha situada por detrás das colinas de Hércules (estreito de Gibraltar), no mar que, desde essa altura, passou a ser denominado Atlântico". Nem lhe digo e nem lhe conto que os habitantes da ilha foram deixando de obedecer às leis dos antepassados e os costumes foram corrompidos, abandonando-se a antiga virtude; e (ó céus) houve terramotos e muitas inundações sucessivas e a mítica civilização da Atlântida desapareceu para sempre, porque a ilha se afundou no mar. O que é que isto tem a ver com a situação política portuguesa? Tudo, vê-se bem, ou não se vê? Porque é que escolhi a imagem que lhe envio? Porque quero revelar-lhe um segredo. Sabe, por mero acaso, que corre por aí uma polémica a propósito da localização da Atlântida? Não sabe, óbvio, está convencido que a Madeira e os Açores são vestígios da Atlântida. Adiante. Então não é que me dizem que as "marismas de Doñana" são uma de entre as várias localizações? Alto aí, calma, não respondo a mais perguntas. Sim, a imagem que hoje lhe envio é de Doñana. Se quiser saber mais (falei em perspectiva pedagogica, falei, pois não falei?), passe os olhos por este caderninho (a minha queda para os caderninhos, Santo Deus, Senhor!)... Marismas de Doñana, sim, Doñana, leu bem.