Somos seres emocionais que aprenderam a pensar


(Mensagem recebida)
Tenho andado preocupada, meu caro; cá com coisas minhas que nem o sono resolve. Dou por mim a pensar que, por vezes, nem eu própria entendo atitudes e comportamentos meus. Porque será? Até Pareto (lei 80/20) fui ler! E por onde eu andei... Deixo-lhe uma imagem da espinha de peixe de Ishikawa, quem sabe lhe possa ser útil... Adiante. Mas descobri. Descobri que os seres humanos (e até eu que nasci fada) têm que ter em conta algo muito mais simples mas muito difícil de entender (ou, quem sabe, até não!). Vamos lá. Têm que conhecer a relação entre consciente e inconsciente. Sabe qual é? Claro que não sabe. Oiça. Em suave conversa de pé de orelha, disse-me um amigo meu (ó céus, ó vida) que o inconsciente corresponde a 80% da massa cerebral, tantas são as coisas que se passam no nosso cérebro de que nem temos ideia: a maioria é emocional e instintiva. Pus as mãos em búzio, linda mas admirada, e exclamei: Santo Deus! Pudera, suspirou ele, é uma parte do nosso cérebro que existe há 200 milhões de anos na Terra; enquanto, continuou, o córtex (os outros 20%, sede da nossa razão e da lógica) apenas existe há 100 mil anos. Concluindo, meu caro, somos seres emocionais que aprenderam a pensar: as emoções controlam mais a razão e a razão controla menos a emoção; há mais avenidas neuronais que vão do límbico, do emocional ao córtex, do que o inverso... Não sabe quem é Pareto, nem ouviu falar em Ishikawa e nunca lhe falaram nos custos das PPP das avenidas neuronais. Mesmo? Franja minha! Tudo bem (que se há-de fazer!), mas guarde na sua memória que "somos seres emocionais que aprenderam a pensar". Ponto.

Adenda (nova mensagem recebida)
Tudo bem, meu caro, tem dúvidas, olha a admiração! Continua ainda a pensar que o cérebro reage às sensações que recolhe do mundo exterior: deixe-se disso, não é assim, o cérebro funciona com predições, o que significa que as reacções dos seres humanos são, de facto, a adaptação do corpo às predições que o cérebro faz, baseando-se no estado do corpo na última vez em que estava na mesma situação. Não entende, meu caro, não se amofine, passe os olhos por um estudo interessante. É um estudo tão interessante que até desfaz a ideia dos cientistas que acreditando que as regiões límbicas do cérebro eram o lugar da emoção apenas as viam como reactivas ao mundo. E não é assim, é nas regiões límbicas que acontecem as predições... Só agora entendi os meus últimos comportamentos, a emoção é mais forte que eu. Ponto.

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