O mundo de cada um é o que lhe acontece
Há textos de opinião que nos fazem pensar... Este é um
deles. Trata-se de uma opinião e como qualquer opinião (seja ela qual for) merece ser respeitada, mas pode sempre ser contestada. Para arrumar o tema - uma campanha eleitoral para eleições legislativas e um ex-primeiro ministro preso - recorre o autor a uma frase de um filósofo célebre, seja ela: "sobre aquilo de que se não pode falar, deve manter-se o silêncio". Curiosamente (ou talvez não) é a última frase do famoso "Tractatus logico-philosophicus" (publicado em alemão em 1921 e em inglês em 1922) de L. Wittgenstein. Ora, para Wittgenstein, o mundo é o conjunto de todos os "factos", a totalidade do que acontece e do que ocorre, e um facto é constituído por objectos, em certas condições relacionando-se entre si. Um exemplo de um facto pode ser a proposição (enunciado) "a neve cai"; mas não é um facto "a neve" e "cai", em separado. E os factos podem ser simples ou complexos: os simples formam-se por combinação de objectos, e os complexos pela combinação de factos simples... Aqui chegados, e tendo em conta o que alguma comunicação social disse (do processo judicial e mais) desse ex-primeiro ministro, o recurso àquela citada frase de Wittgenstein convidando-o a calar-se, mais parece um insulto na forma tentada... Se regressarmos ao mundo pensado por Wittgenstein, saberemos que, após a publicação do "Tractatus..." (fazendo jus ao número sete), Wittgenstein permaneceu vários anos em silêncio, tomando notas e reflectindo sobre os temas nucleares da sua obra (...); assim nasceram as "Investigações filosóficas" que deixam de lado o formalismo metafísico do "Tractatus..." e se concentram na indagação sobre os jogos de linguagem... Há, por isso, que ir ao início (e não ao fim), à primeira frase (e não à última) do "Tractatus...": "o mundo é tudo o que acontece". Desta última frase se pode entender (facilmente) que "o mundo de cada um é o que lhe acontece": assim sendo, será sempre cada um (o próprio) a decidir se, quando e como deve falar ou se opta por gerir o seu silêncio... Há textos de opinião que nos fazem pensar!
Adenda (07-09-2015)
Há outros pontos de vista, interessantes... Pois, concordo:
- "A casa do regime precisa de ser arejada".
Adenda (11-09-2015)
A imagem que falta num texto elucidativo...
Adenda (07-09-2015)
Há outros pontos de vista, interessantes... Pois, concordo:
- "A casa do regime precisa de ser arejada".
Adenda (11-09-2015)
A imagem que falta num texto elucidativo...
(Aqui)
“Não há,
pois, volta a dar: Sócrates está no centro da campanha. Porque os media querem,
porque a coligação quer e, como a revelação, ontem, de uma foto no interior da
casa tornou inegável, ele quer. É, naturalmente, compreensível que Sócrates
queira dar largas à sua alegria por ter saído da prisão - apesar de continuar
preso, em casa pode ter quase a ilusão de estar livre. É, naturalmente,
compreensível que queira desforrar-se do black out forçado e demonstrar no
sorriso e na cabeça erguida que não está derrotado. É natural e compreensível
que queira defender-se. Tudo isso é natural e compreensível e humano. Mas custa
mesmo assim a perceber que não entenda o momento em que está. Que não perceba
que cada minuto em que ocupa e procura a ribalta é um minuto perdido para a
seriedade do debate político e - considerá-lo-á injusto mas é assim - um minuto
da campanha negra da coligação. Falta menos de um mês para 4 de outubro. Quanto
ao reality show, infelizmente, nada a fazer, mas teremos mesmo de levar com um
ex-PM como seu participante eufórico?”
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