Melodia secreta

(Mensagem recebida)
Estou convencida, meu caro, que a arte de soltar o espírito e de dizer o que se sente e o que se se pensa, não é mais do que utilizar (de forma dinâmica) o próprio cérebro: sei do que falo e, por vezes, até impulsiva sou e até de improviso digo o que sinto e o que penso. Ponto. Estou segura do que lhe digo: até ainda estou convencida de que os quanta e o “tao” são uma e mesma coisa, e já não duvido que habitamos mundos paralelos que se tocam e que se querem e que não podem viver um sem o outro. Sou assim, que se há-de fazer! Sei tirar partido de algo (acontecimento ou pensamento) que surja na minha mente, em qualquer momento, depois de estabelecida a verdade dos factos: gosto da autonomia da verdade, ela é para mim mais importante que a autonomia dos valores… Para si, provável é que esta forma de ser e de estar não seja algo de inato como acontece comigo, sou perfeita. Ser como eu, vai exigir-lhe muito treino: deve consultar os poetas para aprender mais sobre a intuição e sobre a imaginação, deve dar-se bem com os músicos para aprender a arte de improvisar, deve ler a “Melodia Secreta“ do Trinh Xuan Thuan para entender a existência de mundos paralelos… E, sobretudo, deve voltar a determinados locais onde foi feliz (e com a expressão “espero que ela lá esteja” a tiracolo), para me ver e me consultar e me sentir, e para se demorar nos nossos dois mundos paralelos e para vislumbrar soluções urgentes: é nessas alturas que as ondulações das ondas alfa, que surgem no hemisfério direito do seu cérebro, se expandem por todo o cérebro, criando uma corrente de associações remotas e futuras… Estranho? Não, meu caro, não é. Não, não é! Parece (e, se calhar, é) uma carta ridícula, a que hoje lhe envio. A qualidade e a beleza, meu caro, do meu pensamento e da minha escrita, até a mim me surpreendem, Santo Deus, ora atente: acabo de lhe encriptar uma célebre expressão do Fernando Pessoa! Adivinha qual possa ser essa expressão?

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