A minha madrinha e as marcas do destino
Tony Judt
foi (continuará a ser, sempre) um historiador e um pensador fantástico. O seu último livro chama-se “O Chalet da Memória”
(sugiro que o leiam, com tempo e com vagar). Vem isto
a propósito, de ter sido encorajado pela Sandra Luiz (há uns anos já), a escrever sobre a minha
madrinha (que é a mãe dela) que nasceu no Porto num dia importante, no dia de São Bartolomeu, dia 24 de Agosto... Irei
tentar esmerar-me na escrita, quem sabe também eu um dia decida escrever um "Chalet da Memória". Desde logo, no entanto, pretendo deixar claro que não abro mão (nunca por nunca) de parte do título: “A minha madrinha...”. Tolero (não tenho alternativa, que sina, ó céus!) que os meus irmãos, primas,
primos e outras e outros, digam “a nossa madrinha” ou “a madrinha”, mas nunca deverão dizer “a minha madrinha”. Porquê? Porque a expressão "a minha madrinha" é marca registada e é minha, ponto, adiante. Nesse meu futuro “Chalet da Memória” (está decidido) só terão lugar cativo personagens que, pela sua importância na minha vida, entraram no quadro de
honra das minhas memórias afectivas: é o caso da minha madrinha que sempre esteve e continua a povoar
emoções e sentimentos no meu cérebro emocional. Divagando... Quero dizer que a minha área preferida de estudo são as
neurociências e a minha preferência e as minhas investigações vão para o apaixonante estudo da inteligência humana. Trata-se de um
apaixonante estudo que se pode traduzir num fenómeno
psicológico em grande parte desconhecido e ainda muito cheio de enigmas por
resolver. Psicólogos, especialistas em genética e afins, neurólogos, filósofos,
sociólogos e outros, já levam muitos anos investigando a estrutura e o funcionamento
desse fenómeno. A maioria dos especialistas, nesses estudos científicos,
coincide numa definição de inteligência humana: a
capacidade mental que permite raciocinar, planificar, resolver problemas,
pensar de modo abstracto, compreender ideias complexas, aprender com a experiência e com rapidez. Mas continuam, desesperadamente, à procura
de causas suficientes e eficientes (até na evolução se escudam!) que possam ser
entendidas pelo comum dos mortais. Coitados desses especialistas! Não foram bafejados pela sorte. Não tiveram uma madrinha que, quando tinham cinco anos de idade lhes dava todas as semanas (para aprender a ler e a imaginar e a sonhar) os suplementos infantis de dois jornais, de " O Comércio do Porto" e de "O Século" (na imagem: o 1.º e o último suplemento "PimPamPum") que o meu avô (o pai dela) recebia pelo correio...; e que (espectacular madrinha!), quando tinham nove anos de idade, lhes tenha oferecido um livro que os teria marcado para toda a vida e os tornaria mais inteligentes e acutilantes no
pensar, no investigar, no dizer e no escrever: como, em boa hora, me aconteceu a mim
(gaba-te cesto que o tempo de vindima está a chegar!)..., e o título do livro é deveras sugestivo: “Um Rapaz às Direitas” de Odette de Saint-Maurice. Azar o deles, sorte a minha! Perceberam agora porque é que registei, com marca própria e não vendável, a expressão “a minha madrinha”? Não?! Ainda não perceberam?! Mas que lentos a pensar, a investigar e a discorrer sobre as marcas do destino! Deus me livre e guarde!
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