Cordas cósmicas, banhos de água salgada e viagens no tempo

Aqui está, meu caro, a sua fada, salgada de mar e bronzeada de sol, bem temperada de calor e brisa de fim de tarde, tudo junto e mais eu, sempre única! Consegui saborear e saborear as suas palavras inteligentes, gratuitas e dedicadas e ternas por mim. Serendipidade, uhm, somos mestrados nela. Faça e diga o que entender, encabrestei-me, hoje vou mesmo dormir, amanhã quero acordar muito cedo e escrever sobre viagens no tempo. Olha, olha, interrompeu-me, aguente aí os neurónios, tenho de lhe contar que ontem sonhei consigo e com barbas e estou surpreendida. Gosto de estar ligada a si, fundir a minha mente com a sua, deliciar-me com o pensamento constante de si e com a segura expectativa de nos encontrarmos no tempo, de viajar no tempo, seja. Enrolei-me no meu lençol de linho velho, fechei os olhos e dispus-me a ouvi-la. Não se fez rogada. Claro que percebo, segredou, que anda a dormir mal, a querer recuperar o sono de dia e a sonhar saudades de mim porque me deseja (ui aquela frase de desejo intenso e apressado que está lá no meio da sua mensagem de ontem), eu percebi e gostei, gosto. Mantive-me sereno, guardando de Conrado o prudente silêncio. A noite está tão quente, continuou ela, bom era que entrasse ar fresco, melhor será mover uma montanha que é como quem diz, vasculhar o seu lençol de linho; oh pá, oh pá, as viagens no tempo são em foguetão? Sorri divertido, sempre a mesma, pensei, sempre (e de serendipidade a tiracolo) consegue levar a água ao moinho, e da forma mais artesanal possível; qual lençol qual carapuça, perdi-me de calores por ela, com ela e nela. Sei, respondi quando acalmei, que os físicos menosprezaram a ideia das viagens no tempo por causa dos paradoxos do tempo, por exemplo, por causa do paradoxo da informação: “a informação vem do futuro, o que significa que talvez não tenha origem; por exemplo, suponhamos que um cientista cria uma máquina do tempo e depois recua no tempo par dar o segredo das viagens do tempo a si próprio, quando era jovem: o segredo das viagens no tempo não terá origem, uma vez que a máquina do tempo que o jovem cientista possui não foi criada por ele, mas foi-lhe transmitida por si próprio quando era mais velho”. Adiante, meu caro, ciciou, não percebo nadica de nada quando outros valores mais altos de alevantam; mas, prometo, um dia destes conto-lhe como é que o Richard Gott (em 1991), quando se interessou pelas cordas cósmicas (um resto do big-bang), propôs uma outra solução das equações do Einstein que permite as viagens no tempo. Que guicha, ruminei, que fada-guicha! Hoje vou ficar aqui consigo, trancou-me o pensamento, mas antes de dormirmos, deixe que recorde a minha interessante manhã de praia. Assim. Reli as 59 páginas de parte do surpreendente poema do Carus, temperado com pitada de razão, que o torna para além de surpreendente, genial. Vi gaivotas e olhei intensamente o horizonte; andei com água pelos joelhos e estava tão límpida que se viam peixinhos no fundo, rentes à areia do fundo, irrequietos, saltitantes e sem medo das pessoas. Uau! Que belos banhos! E os batidos de fruta no bar da praia? Que bem sabem! Ah e quando hoje entrei na água, por duas vezes soltei uns ais estorninhados (ai, ai, ai), que até me fizeram rir e sorrir, até os meus olhos grandes se colocaram à proa do meu sorriso. Viajei no tempo em curvas-cordas-torneadas. está-se mesmo a ver, pois não está?

Adenda (mensagem recebida)
Achei interessante, meu caro, a forma como relatou a nossa conversinha, sou assim, que se há-de fazer? Na próxima semana conversamos num "tête à tête" alongado, combinado? Saiba que esta coisa do virtual me deixa de franja à banda. Agora que estou numa esplanada à beira mar a tomar um café e a olhar o mar, bem que podia estar aqui comigo. Adiante. Ainda não lhe disse (e nem vou dizer), mas a minha leitura de praia tem sido a revista "A Teoria Quântica"; estou a gostar muito (gosto menos de Planck, demasiado conservador e pronazi..., mas inteligente, isso é inquestionável; viveu também - coitado - um paradoxo: revolucionário na ciência e (ó céus) apologista de um regime conservador, reaccionário e criminoso). Ai Planck, Planck!

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