Mistura delicada de realidade e ficção


(Mensagem recebida)
Olhe só, meu caro, para o que me deu! Ontem estava tão cansada que tive direito a um banho de duche de beleza e de 13 minutos (13 é o meu número preferido e um duche de beleza faz milagres, sabe, pois não sabe?). Procurei o meu recato aninhado e quis algo de bom fazer, e (ó céus) fiquei de cara à banda, gaguejar não gaguejei, porque não tinha ninguém com quem falar, mas os meus olhos grandes arregalaram-se: olha o David que eu vi em Florença, cidade bela, tão bela que me apetece lá voltar! E, imaginação minha para que te quero, aí vai disto. Abri o meu caderninho argolado e, em segredo de pé de orelha, pedi ao meu lápis mágico que escrevesse os meus pensamentos; nem lhe digo e nem lhe conto o que ele escreveu e o que ele desenhou, imagina, claro que imagina, o desenho tornou-se real... O meu caderninho é uma mistura delicada de realidade e ficção, adoro combinar conceitos, vida a minha, ai a minha imaginação tão activa. Adivinho o seu ar céptico, mas há mais... Para acalmar as agruras do dia, abri um livro ao calhas, e zás, saiu-me na rifa a página que lhe envio; e, nem de propósito, acerca do cepticismo do Hume, um filósofo do século XVII... Gosto, gosto, gosto. meu caro, da sabedoria da natureza depositada em nós, há momentos em que sabemos que algo é mesmo à nossa medida, ou até que nos enche as medidas, verdade? Pense ainda no que Hume entende por essência da imaginação (a capacidade de fazer ideias separadas coexistirem na mente): "Todo este poder criativo da mente se resume a nada mais do que a faculdade de combinar, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos são concedidos pelos sentidos e pela experiência. Quando pensamos numa montanha dourada, estamos apenas a juntar duas ideias coerentes, ouro e montanha, as quais já nos eram familiares."... Um segundo só, meu caro, vou ler o que meu lápis mágico escreveu. Não digo. Só respigo o fim de uma frase maneirinha: "nossa próxima quente e saborosa e terna epifania". Adiante que sinto calores. Também gostei muito da música, gosto dela (gosto, gosto, gosto) e não me canso de a ouvir e cantar... Agora, neste preciso momento, um caudal de água viva corre em mim, fazendo caminho por veredas sinuosas e encantadas para desaguar em si em cascata... Adoro ser nascente de água viva.

Adenda (nova mensagem recebida)
Acabo de confirmar, meu caro, com o Daniel Tammet, que as minhas palavras tem cores e emoções e sentimentos e formas e beleza a rodos... Sou assim, que se há-de fazer, não diga nada, estou a ver se me descubro em mim, franja a minha, tanto a criatividade me sitia, Jesus, Maria! 

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