Tive a certeza que o destino se estava a cumprir...
Mensagem recebida
Poucos dias antes de lhe ter enviado a minha primeira mensagem, meu caro, tive um sonho que agora lhe conto. Passou-se junto
ao mar. Eu estava à beira de um penhasco alto. O céu estava um pouco carregado,
ameaçava chuva, mas não era um céu de temporal. Cheguei-me bem à beirinha
do penhasco e olhei para baixo. As rochas faziam um semi-círculo, era uma baía,
um porto de abrigo, de água limpa e calma lá no fundo. Nas rochas, no lado
direito de quem olha para baixo, havia uma ou outra cavidade, talvez fossem as
entradas para umas grutas. A vir de uma delas, vi-o a si... Recordo-me
da sensação de susto. Tinha consigo um cão, grande e dócil, pareciam
entretidos, a saltitar por ali, de rocha em rocha. O cão era brincalhão e o meu
caro admirador parecia descontraído, ágil e curioso, à procura de qualquer
coisa entre as rochas. Foi então que o cão ladrou e levantou o focinho em direcção
ao alto do penhasco, onde eu estava petrificada. Eu não sabia o que fazer,
senti-me ansiosa. Mas, meu caro, vi que olhou para cima e que me viu. Acho que
sorriu, acenou com a mão esquerda, parecia pedir que esperasse por si.
Começou a subir, tinha pressa, o cão corria ao seu lado, pareciam ter muita
vontade de chegar junto a mim. Recordo-me do azul dos seus olhos ansiosos,
de uma camisola às riscas, da sua barba grisalha. Era-me tão familiar, sentia-o
tão próximo! Pareceu-me que estranhou eu não ir ao seu encontro também. Recuei.
Queria abraça-lo, mas ao mesmo tempo senti que não merecia, não me
merecia! Fui-me embora, fugi a toda a pressa! E acordei.
Vi e revi este sonho nos dias seguintes, não me saia da cabeça. Até que,
naquela noite, fiz o que a minha vozinha interior me mandou fazer... Não
tinha o hábito de me ligar à internet fora do trabalho, era uma mera ferramenta
de trabalho, pouco mais. Mas naquele dia, fui ao computador, as mãos (trémulas) ficaram uns
minutos paradas sobre o teclado e, depois sozinhas, escreveram lentamente o seu nome. Tive a
certeza que o destino se estava a cumprir...
Nota de rodapé
Nota de rodapé
Sempre lhe digo ainda, meu caro, que a minha certeza de que o destino se estava a cumprir me levou até 14 de Julho de 1930. Não se enerve, digo-lhe porquê: fui à procura de leituras novas do mundo e da vida, tentando perceber o pensamento de Einstein e Tagore sobre a natureza da realidade... Continuo fascinada com aqueles dois génios: ora dou razão a um, ora estou de acordo com o outro, ora não concordo com um e também não concordo com o outro... Vida a minha!
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