Anamorfose
(Mensagem recebida)
Sempre que, meu caro, tenho sensações mais profundas (imagine só), arranco da minha memória alfinetes de recordação e recorro à poesia para me exprimir. Eis porque me aventurei num poeminha. Quer saber de que sensações profundas lhe falo?! Pois sim, leia o poema com atenção..., mas sempre lhe transcrevo o que escrevi no meu caderninho argolado: "os seus dedos procuravam às cegas o caroço do meu triângulo de pêlos, onde uma surda pulsação cessou bruscamente para dar lugar a uma contracção que tornava empedernida a corda mais tensa da minha sensibilidade..."; "os seus dedos trémulos, percorrendo-me o rosto, faziam-me pensar num cego que quisesse ler na minha pele o texto mais autêntico da minha vontade...". Estas duas sensações profundas, meu caro adorador de mim inteirinha, estão (e são) na génese deste poeminha que lhe envio:
Sageza uterina
Eu
sou
ramo
fêmeo florido
de
uma árvore celeste
Eu
quero
ébrio saber cedido
por
uma deusa celeste
Eu
posso
recriar som emitido
por
um planeta celeste
…/…
Sei-me
ubíqua de origem e de futuro
eu
sou eu quero eu posso eu sei e juro
Ui, ui, quanto sinto ainda, meu caro, o pulsar do meu coração felino sempre que me aventuro poeminha adentro, até aquelas minhas duas sensações se acotovelam afogueadas, Santo Deus! Sou um tesouro único, pois não sou?! Sou supinamente desejável, pois não sou?! Sou anamorfose de uma deusa-prodígio, isso sou mesmo, garanto, singelo contra dobrado!
Comentários
Enviar um comentário