A propósito da "Conferência - Educação 2020"
(1) Há iniciativas que merecem ser acompanhadas, a par e passo, tanto é o seu significado político... Uma delas foi esta conferência: Escolas de futuro - Educação 2020. Muito mais poderia ter sido dito: poderia ter sido destacada a importância da educação da primeira infância (dos zero aos seis anos de idade) - pondere-se e consulte-se e atente-se - . Adiante. Adiante é como quem diz..., se se revisitasse este documento da Unesco (trata-se de um documento de 1976), talvez alguns (e algumas) acordassem, já não é sem tempo...
(2) Esta intervenção de Maria de Lurdes Rodrigues merece um destaque especial e por várias razões. Desde logo, porque Maria de Lurdes Rodrigues esteve ministra da educação entre 2005 a 2009, sendo uma defensora acérrima da escola pública... Depois, porque as suas opiniões (fundamentadas e claras), parece, contarão para influenciar o programa de governo do partido socialista: neste sentido, a sua ideia de se firmar um compromisso entre partidos à volta da educação do futuro, é uma excelente proposta (quem sabe este possa ser um bom exemplo).
(3) Atentemos em três linhas-guia que ela apresenta para o futuro. A primeira, a educação/formação de adultos: se, como afirma, mais de 50% dos pais não sabem acompanhar os filhos nos estudos, e se isso resulta de terem uma fraca escolaridade, então prova-se que, desde 1986 (pelo menos), também o insucesso escolar foi muito elevado (daí que seja interessante ver, a esta luz, a ideia de que as ditas "Novas Oportunidades" deverão garantir uma certificação escolar). A segunda, a formação profissional inserida em sistema escolar, apenas deverá acontecer a partir dos 15 anos de idade: pois sim, todos o desejam; e se a frequência de cursos de iniciação profissional for a única possibilidade de evitar o abandono escolar, que fazer? A terceira, a necessidade de eliminar os exames no sistema escolar (especificamente no 1.º ciclo): então (e ressalvando que "exame" é um conceito equívoco - hoje os efeitos da avaliação em exame são diferentes), como compatibilizar a ideia de intensidade de trabalho de estudo, de um maior envolvimento dos professores na aprendizagem dos alunos e de uma maior autonomia das escolas, sem exames de aferição (sem avaliação externa)...
(4) A verdade é que são três excelentes linhas-guia..., mas ninguém se poderá esquecer de três pedras basilares para a valorização do sistema educativo, sejam: o reforço contínuo da autonomia das escolas, a valorização efectiva da profissão docente e o "desengessamento" determinado dos currículos nacionais...
(5)Talvez seja útil conhecer e pensar alguns exemplos de inovação e criatividade (a propósito: porque é que em Portugal não existe algo semelhante a isto?), no sistema escolar português, onde uma´alternativa (integrada e com passagens garantidas entre si) de currículos (ensino regular, ensino profissional, ensino especial e ensino especializado) facilite a integração de alunos diferentes, garanta a frequência da escolaridade, evite o abandono escolar e promova e desenvolva iniciação e qualificação profissional em áreas distintas de educação/formação, assim potenciando os talentos individuais dos alunos...
(6) Atente-se, a título de exemplo, na oferta de ensino e formação da Casa Pia de Lisboa - no ano lectivo de 2002/2003 - ; uma verdadeira alternativa de currículos que, destaque-se, no que se refere, especificamente, à oferta de formação profissional inserida em sistema escolar, sempre foi ajustada à realidade (desde o ano lectivo de 1979/80 - ano em que foram criados os primeiros "cursos piloto de formação profissional" (realce-se o pragmatismo e o sentido de oportunidade do Dr. Victor Videira Barreto) - , depois de, em 1974, ter sido extinto o ensino técnico- profissional e que apenas seria reposto, em 1983, pelo ministro José Augusto Seabra):
(7) Muito oportuna e muito útil, realça-se, a realização da conferência... Mas importa aqui deixar uma enigmática máxima de Agostinho da Silva a propósito do alargamento da escolaridade: "todo o ensino é secundário". Reticências, ponto de exclamação.
Adenda (24-03-2015)
Ora aí está uma ideia política forte, geradora de expectativas e toda ela um programa de acção: uma escola promotora de igualdades... Igual (que nunca se esqueça) é aquele que tem oportunidade de ser diferente.
Adenda (25-03-2015)
"(4) A verdade é que são três excelentes linhas-guia..., mas ninguém se poderá esquecer de três pedras basilares para a valorização do sistema educativo, sejam: o reforço contínuo da autonomia das escolas, a valorização efectiva da profissão docente e o "desengessamento" determinado dos currículos nacionais..."
Eis se torna possível olhar para uma ideia de reforma do sistema educativo que, de forma simples (mas difícil de concretizar), activa (muito bem) o "desengessamento dos currículos"...É sinal de inteligência aprender com quem sabe. Ponto.
Adenda (27-03-2015)
Parece que este processo se está a tornar irreversível, não há volta a dar... É uma iniciativa de mudança? Sim, é! Há confusão entre descentralização (estratégica) e desconcentração (operativa)? Sim, há! Quais são as entidades (e em que condições) que monitorizam o processo? Pois..., aqui é que "a porca torce o rabo"! Um processo deste tipo deveria ser precedido da assinatura de um "pacto" entre os partidos políticos? Claro que devia!
(2) Esta intervenção de Maria de Lurdes Rodrigues merece um destaque especial e por várias razões. Desde logo, porque Maria de Lurdes Rodrigues esteve ministra da educação entre 2005 a 2009, sendo uma defensora acérrima da escola pública... Depois, porque as suas opiniões (fundamentadas e claras), parece, contarão para influenciar o programa de governo do partido socialista: neste sentido, a sua ideia de se firmar um compromisso entre partidos à volta da educação do futuro, é uma excelente proposta (quem sabe este possa ser um bom exemplo).
(3) Atentemos em três linhas-guia que ela apresenta para o futuro. A primeira, a educação/formação de adultos: se, como afirma, mais de 50% dos pais não sabem acompanhar os filhos nos estudos, e se isso resulta de terem uma fraca escolaridade, então prova-se que, desde 1986 (pelo menos), também o insucesso escolar foi muito elevado (daí que seja interessante ver, a esta luz, a ideia de que as ditas "Novas Oportunidades" deverão garantir uma certificação escolar). A segunda, a formação profissional inserida em sistema escolar, apenas deverá acontecer a partir dos 15 anos de idade: pois sim, todos o desejam; e se a frequência de cursos de iniciação profissional for a única possibilidade de evitar o abandono escolar, que fazer? A terceira, a necessidade de eliminar os exames no sistema escolar (especificamente no 1.º ciclo): então (e ressalvando que "exame" é um conceito equívoco - hoje os efeitos da avaliação em exame são diferentes), como compatibilizar a ideia de intensidade de trabalho de estudo, de um maior envolvimento dos professores na aprendizagem dos alunos e de uma maior autonomia das escolas, sem exames de aferição (sem avaliação externa)...
(4) A verdade é que são três excelentes linhas-guia..., mas ninguém se poderá esquecer de três pedras basilares para a valorização do sistema educativo, sejam: o reforço contínuo da autonomia das escolas, a valorização efectiva da profissão docente e o "desengessamento" determinado dos currículos nacionais...
(5)Talvez seja útil conhecer e pensar alguns exemplos de inovação e criatividade (a propósito: porque é que em Portugal não existe algo semelhante a isto?), no sistema escolar português, onde uma´alternativa (integrada e com passagens garantidas entre si) de currículos (ensino regular, ensino profissional, ensino especial e ensino especializado) facilite a integração de alunos diferentes, garanta a frequência da escolaridade, evite o abandono escolar e promova e desenvolva iniciação e qualificação profissional em áreas distintas de educação/formação, assim potenciando os talentos individuais dos alunos...
(6) Atente-se, a título de exemplo, na oferta de ensino e formação da Casa Pia de Lisboa - no ano lectivo de 2002/2003 - ; uma verdadeira alternativa de currículos que, destaque-se, no que se refere, especificamente, à oferta de formação profissional inserida em sistema escolar, sempre foi ajustada à realidade (desde o ano lectivo de 1979/80 - ano em que foram criados os primeiros "cursos piloto de formação profissional" (realce-se o pragmatismo e o sentido de oportunidade do Dr. Victor Videira Barreto) - , depois de, em 1974, ter sido extinto o ensino técnico- profissional e que apenas seria reposto, em 1983, pelo ministro José Augusto Seabra):
(7) Muito oportuna e muito útil, realça-se, a realização da conferência... Mas importa aqui deixar uma enigmática máxima de Agostinho da Silva a propósito do alargamento da escolaridade: "todo o ensino é secundário". Reticências, ponto de exclamação.
Adenda (24-03-2015)
Ora aí está uma ideia política forte, geradora de expectativas e toda ela um programa de acção: uma escola promotora de igualdades... Igual (que nunca se esqueça) é aquele que tem oportunidade de ser diferente.
Adenda (25-03-2015)
"(4) A verdade é que são três excelentes linhas-guia..., mas ninguém se poderá esquecer de três pedras basilares para a valorização do sistema educativo, sejam: o reforço contínuo da autonomia das escolas, a valorização efectiva da profissão docente e o "desengessamento" determinado dos currículos nacionais..."
Eis se torna possível olhar para uma ideia de reforma do sistema educativo que, de forma simples (mas difícil de concretizar), activa (muito bem) o "desengessamento dos currículos"...É sinal de inteligência aprender com quem sabe. Ponto.
Adenda (27-03-2015)
Parece que este processo se está a tornar irreversível, não há volta a dar... É uma iniciativa de mudança? Sim, é! Há confusão entre descentralização (estratégica) e desconcentração (operativa)? Sim, há! Quais são as entidades (e em que condições) que monitorizam o processo? Pois..., aqui é que "a porca torce o rabo"! Um processo deste tipo deveria ser precedido da assinatura de um "pacto" entre os partidos políticos? Claro que devia!
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