São os BESES, meu caro, um bento e outro salgado

Passei uma tarde inteirinha - um tarde quente, calorenta e pasmacenta - a estudar esta acta que merece ser lida e ser divulgada, e sabe porquê, meu caro, sabe porquê? Elegante, curvilínea, de olhos piscos e narinas activas à procura de pensamentos soltos no ar, assim me provocou a única fada que não se compadece com trapalhadas... Digo-lhe mais, continuou, deixei de ter dúvidas e já não arredo pé: "alguém já devia estar detido e a cantar o que sabe (ui, ui, a miúfa de alguns maduros!); afinal quem abusa da confiança, continua em sua casa no remanso da vida boa?!"... Vou ler essa acta e vou tentar perceber, prometi-lhe, mas não me quer dar uma pequenina ajuda? Claro que sim, claro que sim, assegurou, mas não sem antes lhe dizer que o facto de eu ter descoberto alguns truques de juristas assinalados (alguns bem que têm jeito para "carpinteiros de limpos"), tal não deve esmorecer, nem por um segundo, a necessidade de se apurarem responsabilidades na gestão bancária (doa a quem doer, assim é que deve ser)… Ainda eu preparava uma pergunta e já ela, (olhuda e a fechar o caderno argolado de rabiscos criativos) dizia que a acta era muito importante porque nessa acta se prova que: “O Banco de Portugal deliberou de uma penada: constituir um novo banco, transferir para esse novo banco os activos e os passivos e elementos extrapatrimoniais e activos sob gestão de um outro banco, designar uma entidade comercial para proceder à avaliação e nomear os membros dos órgãos de administração e de fiscalização do banco…”. Está a tentar dizer-me que um banco (em maus lençóis e de genitais a descoberto) deu origem a dois bancos, interrompi, um novo banco e um velho banco? Nem mais, nem mais, assegurou; ai que essa sua expressão "maus lençóis e de genitais a descoberto" me faz cócegas nos ouvidos, adiante, adiante, um dia lhe segredarei o que conheço da poesia fescenina do Bocage...; mas, para surpresa sua, imagine só que (vá à procura e confirme num anexo da acta, se tiver dúvidas) o novo banco não tem como objecto social o exercício da actividade bancária (oh vida a minha, oh juristas deste seu país!), mas sim a administração de activos, passivos, elementos extrapatrimoniais e activos sob gestão transferidos do velho banco (que juristas arregimentados, digo eu que não sou de modas e que não me acanho e nem me atemorizo...)… Não me contive e, deveras surpreendido e curioso e preocupado (isto está mau), perguntei-lhe sem rodeios, sem tem-te nem mas e à queima-roupa: qual é o nome desses dois bancos, o novo e o velho?... São os BESES, meu caro, um bento e outro salgado. 

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