O meu despontar do dia faz-me vibrar de alegria

Já lhe contei, meu caro, o meu despontar do dia depois de bem dormida em noite de sono ferradinho em sonhos soltos e divertidos (hoje, imagine só, deliciei-me a rever, no primeiro sonho, um filmezinho do Chaplin..., adoro o leão do meu Sporting, claro que sabe que sou fã do Sporting, um dia encho-me de coragem e segredo-lhe o porquê...)?! Não lhe contei o meu despontar do dia, pois não? Olhe que até o Michio Kaku baralha os pensamentos (e os sentimentos, óbvio) sempre que lhe conto como é esse meu espectacular despontar do dia… Olhei de raspão para a única fada que assume ser a curvilínea Hipátia (o rosto, o cabelo apanhado e o pescoço são os de Hipátia, não há dúvida) do século XXI, e disse-lhe, meio ensonado: “sou todo ouvidos”. Oh, oh, oh, meu caro, trauteou aos saltinhos, contemplar o despontar do dia no meu terraço: a débil luz que desvanece as imensas e diáfanas sombras, o ar na boca sabe-me bem, os objectos pesados do mundo que se move elevam-se silenciosos e em inocentes brincadeiras, transpiram frescura, precipitam-se obliquamente lá em cima e cá em baixo, e mares de suco resplandecente inundam o céu… Siderado com a poesia das suas palavras soltas e aos trambolhões, perguntei-lhe se havia alguma magia no seu terraço. Claro que há magia, horizonte e água, sussurrou..., e ao dirigir-me ao terraço da minha casa, sempre paro para pensar se é mesmo real o que sinto, e sempre cumprimento uma trepadeira de campainhas na minha janela…; sabe que a minha trepadeira me dá mais prazer que a metafísica dos livros? O meu despontar do dia faz-me vibrar de alegria.

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