Nem tempo tive para dizer um "ah, pois!"
Com que
então, meu caro, eu não tinha razão quando lhe disse que queria mandar uns
quantos maduros para uma região administrativa especial, a "Herdade sem
Porta"? Ora atente no pensamento de uma menina tão precoce como eu
fui numa outra minha vida, e leia o que outros
também pensam... Cobaias, cobaias, cobaias e medrosos é o que os portugueses
continuam a ser, oh, oh, oh, vida a minha! Linda, elegante, cabelo apanhado, sábia (aqui que ninguém nos ouve, ela é a excelente Hipátia, renascida
no século XXI com o mesmo temperamento e, neste seu novo renascimento, com uma sensibilidade e sexualidade de mulher perfeita e completa) assim me provocou a única fada que, ao
jantar, come lascas de maçã caramelizadas - assadas com pitada de manteiga e pitadinha de açúcar - e embrulhadas em flocos de trigo e yogurte natural... Preparava-me ainda, afoito quanto baste, para lhe perguntar algo sobre a região administrativa especial "Herdade sem Porta" e sobre o tipo de vida desejável para os seus futuros habitantes... E ela, divertida e num delicioso e sonorizado sorriso oblongado, ciciou-me feliz que sim que se sentia Hipátia - a quem o destino nunca surpreende - e que se recordava bem de uma máxima que ela tinha mandado cunhar em pedra granítica (no ano 399 DC - tinha ela 44 anos -): "Reserva-te o teu direito a pensar
porque pensar é melhor do que não pensar. Palavra de Hipátia"... A pressão da sua trôpega mão direita fez irromper em mim centenas de afectos, e eu nem tempo tive para dizer um "ah, pois!".
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