Bardo principiante, homessa!


Também a mim, meu caro, também a mim me acontece. Acontece-me gostar de ver o final do dia na praia, adoro (adoro, adoro, adoro) olhar e ver a meia-lua a crescer, a inclinar-se, a cair, quase tocando a face do mar… Senti em sonho este desabafo de uma fada olhuda e sonolenta, e a minha imaginação já não parou mais: vi-a em êxtase e de vestido arregaçado, as ondas a divertir-se com os seus pés descalços, o ar a brincar com os seus cabelos, o amor (há muito contido no coração) liberto e a irromper num tumulto e percebi que ao vento algum segredo ela murmurava… Belíssima imaginação a sua, meu caro, interrompeu o meu sonho, foi mesmo assim que me aconteceu; está mortinho por conhecer o segredo que eu murmurei ao vento, e tem razão, é um segredo importante, claro que é… Pois sim, estou desperto e mesmo mortinho por saber o seu segredo, ripostei…, tudo o mais é pó de fada: imaterial, pensamento, universos paralelos, dimensão quântica, som de ondas, maré baixa, pedras e conchas nos bolsos do seu vestido florido, sol manso do entardecer, um café, música, livros e rotinas de sorriso… Oh, oh, oh, sibilou, melodiosa e em pés de dança, aproximando-se de mim numa confidência murmurada: “tenho um fraquinho por um bardo principiante”... Bardo principiante, homessa!

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