Por um Portugal amigo das crianças..., gosto!

Acaba de ser apresentado este estudo "Por um Portugal amigo das crianças, das famílias e da natalidade (2015-2035) - Remover os obstáculos à natalidade desejada"... 
Sete notas-chave de leitura...
A primeira a constituição da comissão que fez o estudo (com honestidade e qualidade) resultou do facto de um partido (PSD) ter constatado a existência de um problema; e os partidos gostam de dizer coisas, falar dos problemas..., que não de os tentar resolver a maior parte das vezes (a maioria das medidas apresentadas no estudo nem serão aplicadas, e se o fossem não teriam qualquer efeito a curto prazo, tendo em conta a situação de precariedade social, cortes de apoios sociais e de falta de empregos... )...
A segunda, deve sublinhar-se um facto curioso, ou seja, constata-se que em Portugal a taxa de natalidade vem caindo sistematicamente há mais de vinte anos..., e agora perspectiva-se a remoção da baixa de natalidade durante os próximos vinte anos; ora a sociedade em que se vive é avessa a prazos longos...
A terceira, ter filhos deve ser um acto de vontade pessoal e não deve ser uma obrigação da sociedade (embora seja interessante estudar bons exemplos de políticas de sucesso no combate a crises de quebra demográfica, por exemplo, na França e nos países nórdicos...)...
A quarta, a evolução da sociedade moderna conspira (fruto da evolução cultural) contra o "ter filhos", por exemplo, a excelente queda da mortalidade infantil, a contracepção que libertou a mulher, o instituto jurídico do divórcio que libertou amarras sociais têm, paradoxalmente, quebrado a natalidade...
A quinta, ninguém tem o direito de apresentar propostas tipo "engenharia social" (não é o caso do estudo agora apresentado em Portugal, óbvio) para um ciclo de vinte anos (veja-se o que, dramaticamente, aconteceu na Roménia e hoje acontece na China como resultado de medidas de engenharia social)...
A sexta, não há qualquer tipo de dúvida que as crianças devem ser cuidadas pelos pais (em regime de parentalidade e com os apoios e garantias devidos) durante os primeiros três anos de vida; e se alguém tiver duvidas pergunte a uma lontra como se cuidam criativamente os filhos...
A sétima, é perfeitamente aceitável que haja opções diferentes relativamente ao cuidar dos filhos até aos três anos de vida dada a evolução da sociedade humana..., e assim sendo, teria sido avisado ter apostado em duas medidas simples com efeito no curto prazo e com efeito sistémico garantido a médio/longo prazo, sejam elas assim ditas: a gratuitidade tendencial da frequência de rede(s) de creches (certificadas e supervisionadas) em horários flexíveis (diários e semanais) e a abertura dos centros de saúde aos fins de semana.
Por um Portugal amigo das crianças..., gosto!

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