O futuro da mente

Em toda a NATUREZA, os dois maiores mistérios são a mente e o Universo. Com a prodigiosa tecnologia de que dispomos, conseguimos fotografar galáxias a a milhares de milhões de anos-luz de distância, manipular os genes que controlam a vida e investigar o santo dos santos do átomo. Mas a mente e o Universo continuam a confundir-nos e a escapar-nos. São as fronteiras da ciência mais misteriosas e fascinantes que se conhecem. 

Se quiser ver a imponência do Universo, à noite, erga os olhos para o céu, iluminado por milhares de milhões de estrelas. Desde que os nossos antepassados ficaram, pela primeira vez, boquiabertos diante do esplendor do céu estrelado que nos sentimos perplexos perante dois enigmas eternos: de onde veio tudo isto? O que significa tudo isto?

Para observarmos o mistério da nossa mente, basta que nos olhemos ao espelho e nos interroguemos sobre o que se esconde por trás dos nossos olhos. Fazê-lo suscita algumas perguntas perturbadoras: teremos alma? O que nos acontece depois de morrermos? Quem sou "eu" afinal? E, sobretudo, leva-nos à pergunta fundamental: como nos enquadramos neste imenso sistema cósmico? Como disse em tempos o grande biólogo da era vitoriana, Thomas Huxley, "a maior de todas as questões para a humanidade, o problema que está por trás de todos os outros e é mais interessante do que qualquer deles, é o da determinação do lugar do homem na Natureza e da sua relação com o cosmos".

Na galáxia da Via Láctea, há cem mil milhões de estrelas, aproximadamente o mesmo número que os neurónios existentes no nosso cérebro. Talvez seja preciso viajar mais de 40 mil milhões de quilómetros até à estrela mais próxima do sistema solar, para se encontrar um objecto tão complexo como aquele que temos em cima dos ombros.

A mente e o Universo constituem o maior de todos os desafios científicos e, simultaneamente, partilham uma relação curiosa. Por um lado, são pólos opostos. Um tem a ver com a vastidão do espaço exterior, no qual deparamos com habitantes estranhos como buracos negros, supernovas e galáxias em colisão. A outra tem a ver com o espaço interior, no qual se encontram as nossas esperanças e os nossos desejos mais íntimos e mais privados. A mente está apenas à distância do próximo pensamento e, no entanto, quando somos questionados sentimo-nos frequentemente incapazes dela e de a explicar.

Contudo, embora sejam opostos neste sentido, a mente e o Universo também têm uma história e uma diegese comuns. Desde tempos imemoriais que uma e outro se encontram envoltos em superstição e magia. Astrólogos e frenologistas afirmaram ter encontrado o significado do Universo em cada uma das constelações do Zodíaco e em cada circunvolução da nossa cabeça. Entretanto, ao longo dos anos, leitores da mente e videntes tem sido alternadamente glorificados e vilipendiados.

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(Texto retirado da Introdução...)