Vou roubar-lhe o caderno argolado, ai vou, vou!

Los riesgos de dejar de escribir a mano
Porquê? Porque é que eu tenho necessidade de rabiscar e escrever no meu caderninho preto argolado? Quer mesmo saber? Claro que quero, respondi à única fada que, nas vésperas, sempre adivinha a chuva em dias de sol (e que linda camisa vaporosa, em tecido roxo aberto, lhe acentuava a belíssima silhueta curvilínea, mostrando mais do que escondia!)... Pois saiba, invectivou-me, que a escrita manual se vai extinguindo e por culpa dos telefones inteligentes e dos computadores; e dizem-me até que (sonsos!) um entre três adultos, não escreveu nada à mão nos últimos seis meses: sms e correio electónico são aos trambolhões, pois não são? Daí que... Nem me deixou continuar. Daí que, insistiu, rabiscar e escrever no meu caderninho preto o que me vai na alma ((um dia destes mostro-lhe o que senti, escrevi e rabisquei (com caneta de tinta verde fina) no baloiço)), fomenta a coordenação das minhas habilidades manuais (alguma vez já atentou na minha firme destreza quando seco uma escova de dentes maneirinha?); e saiba ainda, sublinhou, que o meu exercício regular e periódico de rabiscar e escrever, aumenta a minha já excelente actividade cerebral... Em jeito de pergunta interessada, perguntei-lhe se ela achava que ainda tinha idade para brincar (a escrever e rabiscar) num baloiço, um exercício ainda por cima arriscado dado que poderia cair e magoar-se... Riu-se a bom rir. Oh, meu caro, gargalhou, veja se é um pouco mais arguto..., então se exemplifiquei o que eu penso, sobre o rabiscar e sobre o escrever à mão, com imagens da excelente Mafaldinha, decidida e afoita, a farejar e a perorar sobre a sopa da mãe, não se percebe logo que o baloiço só podia ser um restaurante, onde almocei um dia destes, farejando e descrevendo as circunstâncias em pormenores divertidos? Que atado que me saiu! Não me dei por achado e, provocando a sua imaginação, disse-lhe que adoraria vê-la baloiçar... Uma de duas, meu caro, ou baloiçamos os dois ou os dois baloiçamos, que lhe parece? Seja corajoso e não seja hipócrita, desafiou-me; diga logo que quer e que gosta de baloiçar comigo com as mãos livres para o que der e vier; ui, ui, se houver um espelho por perto... Vou roubar-lhe o caderno argolado, ai vou, vou!

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