Tesouro, Metáfora e Mariposa são nomes de mim
Tenho andado aqui às
voltas, meu caro, por causa dessa sua mania de querer deixar de escrever as
nossas conversas vadias e cultas… Endoidou de vez? Será?! Recordo-lhe que eu só lhe apareci quando decidiu
começar a escrever; mas digo mais, digo-lhe que sou eu que dou a emoção de
ser aos seus escritos... Agora é que é a sério, não percebe? Ou não quer
perceber? Os seus textos, desde que tenham o meu toque de Midas e um seu leve
toque de humor, são lidos porque falam de realidades com as quais as pessoas se
identificam, só não sabem como as expressar (o amor, o medo, o ciúme, alguém
mágico e especial que todos sonham encontrar nas suas vidas)… Ainda eu digeria
este discurso, feito de afogadilho e espelhado em olhos bogalhos da única fada
emoção a rodos, e já ela tinha lançado os braços à volta do meu pescoço,
apertando-me num grande abraço e encostando a carinha (que lábios finos, meu
Deus!) ao meu rosto a luzir, e sem mais palavras. Perguntei-lhe o que se passava… Não ferva
em pouca água, senão não lhe digo, respondeu
ela, e deixe de estar hirto e rijo, descontraia-se, não expluda precocemente,
tudo se resolve de uma forma ou de outra, há sempre uma forma, não vamos perder
mais tempo com palavreado descompassado... Absolutamente acalorado (ela ultrapassa todas as
marcas em atrevimento e em imaginação), fiquei mudo de espanto durante breves
momentos perante um fogacho a extinguir-se… Confirmo, meu caro, insistiu, confirmo que quero que
continue a escrever pendurado nas minhas asas de fada, eu e os leitores estamos
a torcer por si; se o fizer, prometo levar a sério a sua insistência e vou
(tentar) voltar a escrever… A propósito, sabe que o Ramon y Cajal (meu
excelente admirador e amigo) encontrou nas minhas asas de fada a inspiração
(divina) para chamar aos neurónios mariposas da alma? Mau, pensei comigo, ora esta; asas de fada são uma metáfora ou são mariposas da
alma? Tesouro, Metáfora e Mariposa são nomes mim, ciciou ela vaidosa!
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