Que vou estar onde?! Em Babia?!

Garanto-lhe que sim, garanto que é verdade, garanto que sou conhecida por me transformar em abóbora à meia-noite, transformação inerente à condição de princesa pois claro! Assim exclamando, a única fada que priva com amores-perfeitos me acordou, eram exactamente cinco horas da manhã. Não é justo acordar-me tão cedo, sabendo que durmo pouco e mal, ripostei agastado. Mas é mesmo para resolver (de uma vez) essa sua insónia que eu aqui estou, sussurrou em tom dó sustenido. Ou seja, meu caro, se tentar fazer como eu, e conhecer e activar a sua rede neuronal por defeito… Nem a deixei terminar. Eu tenho uma rede neuronal por defeito, ora essa, que topete o seu, invectivei-a. Ui, ui, sibilou, mas que sensibilidade à flor da pele! Tenha calma, não é nada do que está a pensar, eu explico. Ajeitou a franja, pendurou os olhos grandes num sorriso e disse, de ar guicho: “quando a nossa mente divaga, e a rede neuronal por defeito está activa (quando não está activa é um problema, lá isso é), experimentamos uma mistura de recordações, planos para o futuro, pensamentos e experiências pessoais, o que vulgarmente se denomina “centrar-se sobre si”, ensimesmar-se.”. Está a tentar dizer-me que antes de dormir devo divagar e pensar na vida até me transformar em abóbora, é isso? Perguntei. Está a sair-se um engraçadinho de meia-tijela, quem havia de dizer, suspirou, mas tem razão. Descobri, continuou, que quando tenho que planificar decisões importantes, o melhor que posso fazer é sentar-me na cadeira longa no meu terraço fresquinho; e, enquanto espero que uma osguinha (ou duas ou três) me visite lampeira e atiçada, o modo operativo por defeito do meu cérebro resolve qualquer equação por mais difícil que ela se apresente. E, garanto-lhe - o risinho dela estava perdido de cócegas - que o mesmo acontece quando me transformo em abóbora à meia-noite. Absolutamente desencontrado com as mãos dela em trejeitos de artesã, quis fazer as pazes e, acalmando a conversa, prometi-lhe que iria tentar relaxar, não pensar em nada e deixar que a minha mente divagasse como entendesse… Gosto, gosto, gosto, ciciou, que me prometa (ai de si se tal não acontecer...) que todos os dias (e cada dia) vai “Estar em Babia” antes de dormir… Que vou estar onde?! Em Babia?!

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