Quando a ideologia guia...

Ele há cada uma, meu caro! Então não é que consegui inscrever-me e realizei (só por causa das minhas certezas) os exames dos 4º e 6º anos de escolaridade? Foram simples, tão simples que lhe garanto: só as meninas e os meninos que já tinham problemas de aprendizagem, tiveram alguma dificuldade, dificuldade que não se conhecesse já e antes da realização dos exames… Desaparecida durante a última semana (espero bem que um dia destes apresente uma explicação convincente), assim me interrompeu, de olhos bogalhados a faiscar, a leitura de uma entrevista com Rafael Yuste, a única fada que só faz o que (e quando) lhe apetece: em síntese (penso eu), acredita Yuste que se se conseguir mapear o cérebro, se conseguirá ler a mente. Não me fiz de achado, relevei o seu desaparecimento durante uma semana, e disse-lhe que eu até achava bem que houvesse exames, porque (na minha opinião) os exames têm o papel importante e relevante de “obstáculos” na aprendizagem. Ó meu caro, trauteou, como eu estou de acordo consigo! Apenas que estes exames (os mais estúpidos da última década, acredite) determinaram que as aulas de aprendizagem nas escolas fossem substituídas por uma ou duas semanas de preparação para os exames: duas semanas (inúteis) de trabalho, para os professores e para os alunos. E mais: leia agora esta noticia, que lhe parece? Parece-me, respondi sem dúvidas, que o ministério (ou o ministro) da educação deviam ter pensado no assunto antes da realização dos exames; e, continuei, se quer que lhe diga adoraria provocar o Rafael Yuste a mapear o cérebro do ministro da educação! Boa, disparou ela gaiteira. Aposto consigo, sussurrou, que quando o Rafael Yuste conseguisse ler a mente desse ministro que até escreveu uns livros (o que piora a situação), confirmaria o que eu sei há muito: é um problema sério quando um ministro da educação está convencido que sabe de educação; naquela mente do Crato, meu caro, é a ideologia que guia... Tem a certeza do que diz, aposta mesmo? Não pude deixar de a questionar. Claro que tenho e aposto, assegurou; imagine só o que aconteceria se o ministro da saúde estivesse convencido que sabia de doenças! Rindo-se feliz, sem se despedir e enquanto o seu vestido verde-limo se zangava (que impropérios se ouviram, meu Deus do céu!) com um vento afoito e perspicaz, atirou para o ar em jeito de "toma lá, apanha e embrulha": nesse caso, a actividade dos hospitais teria que parar para garantir os exames de rastreio, pois não teria? 

Adenda (25/05/2014)
Olhe-me este, meu caro, a tentar debitar sabedoria! Depois de ler as minhas opiniões e de apreciar o meu apurado sentido de oportunidade, até um surdocego saberia dizer e escrever o mesmo que ele, pois não seria?! Vai lá, vai... Outra vez o vento a aborrecer o meu vestido de flores primavera, oh vida a minha!

Comentários

Mensagens populares