Andam demónios à solta, há pois andam, claro que andam...


Há imagens que valem por muitas palavras (mesmo muitas palavras) desde que bem interpretadas: é para isso que servem a iconografia e a iconologia. Estes cartazes de João Abel Manta traduzem, pelo lado do humor, estados de alma sobre a evolução da sociedade portuguesa depois da revolução de Abril de 1974. Atente-se que se o 25 de Abril, como evento histórico, é, nos dias de hoje, objecto de largo consenso na sociedade portuguesa, o discurso político nestes dias de véspera  das comemorações dos 40 anos, é um factor de divisão: estão em causa a soberania nacional e a independência de Portugal. Porque assim é, quase ninguém discute - e era urgente que tal acontecesse - duas questões de importância capital para o futuro de Portugal como país soberano e democrático: o estado do estado social e a saúde da democracia portuguesa... Andam demónios à solta, há pois andam, claro que andam...

Adenda (texto escorrido de uma mensagem acutilante enviada pela fada "olhos-grandes-pérola")
Olha, olha, meu caro, olha que grande surpresa! Viva o 25 de Abril que até permite uma leitura pelo lado do humor…, sim senhor, gostei. Aquele “Povo/FMI” tem que se lhe diga!... Estamos mesmo f…… (ai o que eu ia dizer!), ai estamos, estamos mesmo. Pois saiba, meu caro atrapalhado mental: hoje foi divulgada uma sondagem, que vem mesmo a propósito; parece que 83% dos portugueses não estão satisfeitos com o estado da democracia portuguesa, talvez as pessoas pensem mais no assunto do que julgamos, talvez o povo não seja tão estúpido como às vezes parece. Afinal de contas, nos momentos decisivos, tivemos (claro que eu também já sou portuguesa de gema) atitudes colectivas surpreendentes e que deixaram o resto da Europa de cara à banda! Ainda há esperança, ainda há esperança! 

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