Para Lilliput?! Que zangada! Ainda bem que não é comigo!

Enquanto reclamo, meu caro, explicações suas (fui eu que o escolhi a si, está recordado?), deixe que lhe diga que não sei não, não sei o que se passa com esta gente que governa este seu país (um país que eu adoptei para viver temporadas)! Gente, meu atrasado nas explicações, que ora diz uma coisa (diz que quer taxar tudo o que faça mal à saúde do "povinho português" inconsciente e desmancha-prazeres)..., ora vem um ministro, profissional das cervejas, licores, sumos e afins, dizer o contrário e garantir que se trata de pura ficção, porque parece que ele sabe bem o que é a comida de pobres (e os portugueses não são nem estão pobres, como todos podem constatar à fartazana): comida de pobres é muita gordura e muita caloria, muito sal, muito açúcar... Que lhe parece? Não lhe parece que estamos perante um governo que fecha restaurantes à velocidade do regresso da marmita? Não lhe parece que prejudicial para os portugueses será deixarem de comer peixe grelhado com arroz de grelos e pão com alface e atum? Fixei o seu olhar curioso, o seu passo divino, senti o odor da deliciosa fragrância da sua respiração e, olálá, matutei, numa segunda-feira de Páscoa - fada zangada, semana estragada - é certo, certinho. Não me parece nada, respondi-lhe, há muito tempo que sei que já ninguém se entende no governo de Portugal...; interessa-me a sua opinião, isso sim, e qual é?! Ela, fina como um alho, ondulante, ajeitou a franja e sibilou em humor melodioso-corrosivo: o actual ministro da economia tem razão porque o "povinho português" não só não é pobre quanto sabe muito bem escolher peixe (de mar) grelhado e acompanhado com legumes e azeite finíssimo, em restaurantes de requinte e caros..., pois não concorda?! Concordo sim, concordo consigo, sosseguei-a, e admiro muito o seu humor corrosivo, certeiro e muito inteligente, tem carradas de razão, brincam (sem despudor) com o martirizado povo português... Claro que tenho carradas de razão (não duvide!), interrompeu-me; é gente, gentinha (tão nova e já roída pela traça!) que não se enxerga: leia agora este texto de opinião, e depois diga-me se eu (eu para quem o sol e a lua estão suspensos no céu) não tenho o direito e o dever de os mandar todos para um lugar que eu cá sei, para a terra deles, para Lilliput... Para Lilliput?! Que zangada! Ainda bem que não é comigo!

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